Braga passou ‘Semana do Património’ a discutir a sua valorização

No âmbito da Semana do Património, Braga acolheu, entre 19 e 29 de setembro, a iniciativa ‘Identi(cidade)’, dedicada a refletir sobre o papel do património cultural como testemunho material e imaterial da história e identidade das comunidades. A conferência de encerramento, que decorreu esta segunda-feira no Forum Braga, centrou-se na mediação cultural, na ausência de uma estratégia nacional para o setor e nos desafios que os municípios enfrentam na valorização do património e da cultura locais.
Para o presidente da câmara de Braga, ao contrário do exemplo local, “a cultura e o património, no contexto nacional, nunca foram tidos em conta como deveriam”. Ricardo Rio sublinhou que a cidade, ao longo dos anos, olhou para a cultura “como um vetor central no desenvolvimento do território e como uma responsabilidade de múltiplas entidades e não só do município”.
Ninguém melhor do que as autarquias, do que as comunidades intermunicipais, as áreas metropolitanas e obviamente as estruturas regionais para suportar o trabalho que tem que ser realizado
Mais do que legitimar o título de Capital Portuguesa da Cultura, o trabalho desenvolvido em Braga por agentes culturais, associações, dirigentes e academia permitiu “assinalar lacunas e reconhecer os caminhos para a solução”. O autarca lamentou ainda a inexistência de um plano nacional para a área, que considera resultar numa “exiguidade de recursos e investimentos na salvaguarda e valorização patrimonial”.
Já Jorge Sobrado, vice-presidente da CCDR-N, reconheceu que a instituição poderia ter feito mais, lamentando “a falta de tradição e de diálogo entre as administrações públicas e o tecido cultural, patrimonial e científico”.
Ainda assim, apontou como positivo o esforço atual para articular soluções em conjunto com várias entidades regionais.
Miguel Bandeira, presidente da Fundação Bracara Augusta, destacou o turismo como principal desafio para Braga. Considerando que “Braga e património são duas palavras indesligáveis”, defendeu a necessidade de equilibrar preservação e promoção. O docente alertou ainda para os efeitos perversos do turismo excessivo, uma vez que “quando ultrapassa certos limites, em vez de estimular o crescimento, contribui para a obsolescência”. Para o responsável, “o património, sendo um desígnio do futuro, é também um desígnio de regulação e de políticas que devem favorecer a sua continuidade”.
Com ‘Braga, Capital Portuguesa da Cultura’, como pano de fundo, o ‘Identi(cidade)’ reuniu durante dez dias visitas, concertos, exposições, percursos performativos e conversas, reforçando a ligação da cidade ao seu património.
