INL recebe equipamento de ponta único em Portugal

O INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia é a casa do primeiro microscópio criogénico eletrónico em Portugal. O equipamento, que teve um custo total de 2,5 milhões de euros, foi adquirido em 85% através de fundos da CCDR-Norte e, em 15%, pelo próprio instituto.
Esta quinta-feira à tarde, além da inauguração do equipamento, foi também assinalado o arranque da CryoEM-PT – Rede Nacional de Microscopia Avançada para as Ciências da Saúde e da Vida – em que participam a Universidade do Minho, a U.Porto, a U.Coimbra, a Universidade da Beira Interior, a U.Lisboa, a U.Évora e a U.Algarve.
Para o diretor-geral interino do INL, Paulo Freitas, este é um “momento histórico” para a ciência em Portugal, permitindo aos investigadores que procuravam este género de infraestrutura fora de portas, que possam desenvolver as suas investigações em Portugal.
“Assumimos o compromisso de ter esta infraestrutura ativa e de desenvolver uma atividade de ponta nesta área da criomiscopia”, declarou o responsável, acrescentando que o INL não tinha a tradição de trabalhar esta área, mas sim a de materiais.
O objetivo passa agora por ampliar a rede CryoEM-PT e integrar a mesma num consórcio europeu da área.
Este microscópio permite observações até 50 milhões de vezes, ou seja, a nível quase atómico. A RUM conversou com o coordenador da rede CryoEM-PT, Paulo Ferreira, que realçou o facto de ser possível “observar estruturas moleculares sem as destruir”, uma vez que são arrefecidas a cerca de 200 graus negativos.
O equipamento será essencial para o estudo e desenvolvimento de terapias para patologias como o cancro, Alzheimer, Parkinson, assim como doenças infeciosas.
O microscópio criogénico eletrónico está instalado no subsolo do edifício do INL devido à sua sensibilidade. A título de exemplo, a passagem de um camião a 1km pode gerar vibrações que não permitem a sua utilização.
Aparelho atrai investigadores nacionais e estrangeiros
O coordenador da rede CryoEM-PT, Paulo Ferreira, acredita que a existência deste aparelho, em Portugal, pode atrair não só alunos de doutoramento como investigadores de outros países. No lesta da Europa, segundo o coordenador, ainda não existem estes equipamentos. No Reino Unido e Alemanha, as máquinas existem, porém a sua elevada procura resulta em poucas horas de utilização.
Presente na apresentação do novo equipamento, a presidente da FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia, Madalena Alves, realça a necessidade de promover estas ferramentas junto dos investigadores portugueses. A responsável dá o exemplo do supercomputador Deucalion, que em breve estará disponível, e fará parte do Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação.
Já a vereadora do Município de Braga, Olga Pereira, acredita que esta pode ser uma “grande oportunidade” para a cidade dos arcebispos. A governante recordou que a autarquia está a criar condições, na antiga Fábrica Confiança que será, em breve, uma residência universitária, um espaço que será destinado a investigadores ligados à UMinho ou IPCA, assim como às suas famílias.
