Instituições dos afectos com abraços em stand-by para garantir segurança

São instituições de afectos, mas devido à pandemia do novo coronavírus foram obrigadas a colocar os abraços do dia-a-dia em stand-by para garantir a segurança, quer dos utentes como dos colaboradores. Esta é a nova realidade da Cerci Braga e da CerciGui. A Universitária conversou com os responsáveis das duas instituições de apoio a pessoas com deficiência e incapacidades para perceber o que mudou nos últimos meses.

Apenas sete utentes da Cerci Braga não estão a frequentar a instituição

A Cerci Braga está de portas abertas desde 18 de Maio. Dos 29 utentes, 22 frequentam diariamente a instituição. Uma confiança que foi conquistada muito devido ao nível de exigência “elevado” na aplicação das medidas de protecção e segurança. 

Actualmente, de acordo com a Directora do Centro de Actividades Operacionais da Cerci Braga, a maior dificuldade da instituição está relacionada com o transporte dos utentes. Segundo Tânia Dias as limitações são grandes. “Não é possível transportar todos os utentes no autocarro ou nas duas carrinhas que temos devido às distâncias de segurança recomendadas pela Direcção-Geral de Saúde (DGS)”, explica.

As novas rotinas do dia-a-dia são outro obstáculo, uma vez que os jovens e adultos com deficiências têm algumas dificuldades em cumprir as medidas. Para minimizar o risco, a Cerci Braga faz um “treino quase diário da lavagem das mãos e colocação de máscaras”. 

Apesar da equipa estar a trabalhar no sentido de colmatar algumas actividades através das plataformas digitais, muitas terapias foram afectadas pela pandemia dado que implicam contacto substancial com os utentes. Também nas deslocações às residências dos sete clientes que optaram, para já, por não frequentar as instalações da Cerci Braga estão a ser implementadas medidas extraordinárias para proteger os colaboradores e utentes.

Nesta nova normalidade os EPI´S – equipamentos de protecção individual – são fundamentais. A Cerci Braga está confortável nesta matéria, sendo que tem um “stock que irá permitir fazer face às necessidades dos próximos meses”. Quando questionada pela RUM sobre possíveis dificuldades financeiras, a responsável declara que no presente as mesmas mas teme que a partir de Setembro as coisas possam mudar.

CerciGui já fez contas e o cancelamento de iniciativas já representa um “rombo nas contas”.

Na cidade Berço, a CerciGui está de portas totalmente abertas desde o dia 1 de Junho. A pandemia originada pelo vírus SARS-COV-2 veio criar algumas dificuldades nesta instituição do “toque e dos abraços”. Apesar de tudo, Rui Leite, presidente do conselho de administração, garante que os utentes têm aceitado as medidas de protecção desde o uso de máscara, à lavagem mais frequente das mãos.

O cancelamento das duas maiores fontes de receita da CerciGui – a campanha pirilampo e a caminhada oficial -, são um grande problema para a instituição. Contudo, o presidente elenca que a Câmara Municipal de Guimarães, a segurança social, a cruz vermelha, assim como o tecido empresarial e a comunidade vimaranense no geral, têm ajudado a minimizar custos. 

Neste momento, a CerciGui está a funcionar com 85% da capacidade total de utentes. Em Setembro, a instituição espera voltar à normalidade. “De semana para semana o número de utentes aumenta nas nossas instalações. Os pais já começam a ter confiança para enviar os seus familiares. Ficamos surpreendidos pelo número de utentes que vieram para a instituição nos primeiros tempos. Felizmente estávamos preparados para os receber em total segurança quer ao nível dos transportes quer nas instalações e serviços”, refere.

O lar residencial da Cercigui não contabilizou nenhum caso de Covid-19. As visitas já são possíveis, mas através de um vidro.

Rui Leite anunciou aos microfones da Universitária que a CERCIGUI está a trabalhar num novo projecto. O INOV quer criar uma resposta social a três anos e a ideia passa por integrar estes jovens com deficiências no mercado de trabalho com a colaboração da autarquia vimaranense.