“Investimento europeu em ciência está estagnado”

O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior defende que a União Europeia (UE) deveria investir numa ciência aberta, ou de massas, de modo a contar com cidadãos mais informados e preparados para os riscos quer ao nível da saúde como económicos. Manuel Heitor foi um dos convidados da conferência The Quest for Interdisciplinarity: COVID-19 Global Response Actions”, organizada pelo INL – Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, na tarde desta terça-feira.


Para o ministro português, esta situação de pandemia é também uma oportunidade para Portugal, e para o INL, no que toca ao desenvolvimento de testes diagnóstico para a Covid-19 quer ao nível nanotecnológico como serológico. 

Actualmente, de acordo com o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, 80% da indústria farmacêutica depende de materiais provenientes da China e da Índia. Ora, em Portugal inúmeras empresas têm adaptado a sua produção para dar resposta às necessidades criadas pela pandemia no que toca, por exemplo, à produção de máscaras sociais. 

Nós estamos prontos e temos a capacidade para contribuir com soluções para a resposta global à Covid-19″, declara.


Uma realidade que também foi destacada pelo presidente da Câmara Municipal de Braga. Ricardo Rio aproveitou o momento para agradecer o esforço e a capacidade de adaptação de instituições e empresas da região minhota com especial destaque para a Escola de Medicina da Universidade do Minho. Contudo, esta é também uma oportunidade para sedimentar relações, sendo necessária uma maior “cooperação, colaboração e coordenação de acções”, de modo a produzir respostas mais eficazes num panorama científico aberto, sugere.

Para Manuel Heitor, a União Europeia tem de colocar um ponto final no subfinanciamento à investigação científica. “Dentro da comunidade cientifica nós sabemos que precisamos de mais ciência, mas essa é uma realidade desconhecida para a população no geral. Quando olhamos para o investimento em ciência, nos últimos 20 anos, percebemos que esse está praticamente estagnado“, refere. O facto de não existir informação nem uma relação entre os cidadãos europeus e a comunidade científica resulta em desconfiança, ou seja, “as pessoas não percebem o porquê de necessitarmos de aumentar o investimento na ciência”.


A falta de informação também foi um desafio para o edil bracarense. Ricardo Rio confessa que o facto de continuarem a existir “diferentes teorias sobre matérias, como por exemplo, o uso de máscaras”, acaba por dificultar as decisões políticas. Sem formação científica algumas acções são fruto do senso comum.

Já o presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho destacou a importância do trabalho em equipa. Nuno Sousa garante que nenhum homem ou laboratório consegue resolver verdadeiros problemas sozinho. Por isso, existe um novo conceito de equipas que, em média, contam com 12 elementos de países e muitas vezes áreas distintas.


Mais uma vez, a pandemia, na óptica de Nuno Sousa, é uma oportunidade de “criar novos testes e tecnologias  disruptivas que, posteriormente, devem ser validadas”. A título de exemplo, o presidente partilhou o trabalho que tem sido feito em conjunto com engenheiros. “Foi-nos dito que seria impossível criar ventiladores mecânicos em Portugal. Nós trabalhamos em conjunto e passados 40 dias conseguimos criar um ventilador que foi certificado. Nós estamos prontos”, assegura. Uma história que nas entrelinhas retrata a importância de “sermos humildes” independentemente dos nossos conhecimentos, acrescenta.

 

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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