“A Língua Portuguesa é uma ponte num mundo dividido”

São mais de 260 milhões de falantes, que podem duplicar até ao final do século. A Língua Portuguesa tem “um forte potencial de crescimento” e “as escolas e universidades terão um papel relevante na sua afirmação”. Estas foram duas das ideias evidenciadas na sessão de abertura das comemorações do Dia Mundial da Língua Portuguesa, celebrado, desde 2019, a 5 de Maio.

A cidade berço, “onde nasceu o país e depois uma língua”, foi o palco escolhido para o programa comemorativo deste ano e, afirmou a vice-presidente da Câmara de Guimarães, Adelina Paula Pinto, espera-se que “a cada ano se tenha em Guimarães a evocação da língua que nos une”.

A Língua Portuguesa é a quinta mais falada em todo o mundo, a que mais pessoas falam no hemisfério sul e a terceira língua europeia mais utilizada a nível global. Segundo o secretário executivo da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa),o Português é ainda um dos idiomas “mais usados na internet”.

Português será “uma ferramenta de futuro”

“Aquilo que farão no futuro, enquanto profissionais ou agentes de Cultura, poderá ser definido pelo facto de falarem Português, o que faz desta língua uma ferramenta de futuro”, começou por afirmar a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, acrescentando que o futuro “dependerá também da forma como a diáspora lê, escreve ou comunica em Português”.

“O diálogo que temos mantido com os jovens portugueses e lusodescendente em mobilidade dão-nos fortes sinais do potencial da Língua Portuguesa nas comundiades e do promissor caminho que percorreremos com as novas gerações”, disse ainda. Berta Nunes não esqueceu os professores e pais que, apesar dos desafios que a pandemia arrastou, “continuam a levar a cabo o ensino do Português com empenho”.

A educação, disseram vários intervenientes, será um dos pilares do progresso da nossa língua materna. O reitor Rui Vieira de Castro apontou a UMinho como “uma universidade aberta à pluralidade das línguas, mas que valoriza a Língua Portuguesa”. “Uma Universidade que procura a inclusão social, aberta à inovaçao tecnológica, ancorando a sua intervenção no domínio do ensino e aprendizagens das línguas em novos suportes, mas também uma universidade que procura fomentar a consciência generalizada acerca da importância da Língua Portuguesa e outras línguas como ferramentas essenciais”. “Procura a Universidade promover, em contínuo, a Língua Portuguesa, seja em contexto internacional e nacional, através das várias iniciativas que vai promovendo”, finalizou.

Sampaio da Nóvoa salienta “importância da educação na afirmação do Português como língua internacional”

O embaixador da UNESCO, António Sampaio da Nóvoa, realçou a “importância da educação, desde o básico ao superior, na afirmação do Português como língua internacional”. O embaixador revelou ainda que tem início esta segunda-feira a colaboração para a formação de professores de Língua Portuguesa nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Ciência, comunicação, criatividade e cooperação foram ainda aspetos que Sampaio da Nóvoa relacionou com a importância da Língua. “Não podemos abdicar do Português como língua de ciência e conhecimento e, aqui, as universidades têm um papel decisivo”, referiu.

“A CPLP tem a Língua Portuguesa como elo de ligação a várias culturas, que nos tornam diversos mas unos”, referiu Francisco Ribeiro Telles, secretário executivo da CPLP. Este ano, fez saber o responsável, serão desenvolvidas cerca de 150 iniciativas no mundo para assinalar a efeméride. A CPLP, revelou, “tem o desígnio de se transformar numa comunidade de povos, com sentimento de pertença”. Para isso, no ano em que comemora o 25.º aniversário, a CPLP aprovará “na Cimeira de Luanda um acordo de mobilidade no espçao desta Comunidade”. “A Língua Portuguesa é uma ponte num mundo dividido”, finalizou.

“Devemos, através da língua, impulsionar a inclusão e dignidade de quem nos procura para trabalhar”

Para Adelina Paula Pinto, vice-presidente da Câmara de Guimarães, o Português “é uma língua de cooperação, que precisa de continuar a ser estudada”. “Esta relação com a Universidade é crucial para esta transversalidade da língua”, afirmou a autarca, sublinhando a importância “do trabalho feito a nível local, que acrescenta ao trabalho que pode ser feito a nível nacional e internacional”. A também vereadora da Educação e da Cultura, destacou ainda a importância da língua na inclusão dos migrantes. Em Guimarães, desvendou, há famílias chegadas do Nepal e do Bangladesh há cinco anos, que não diziam ainda uma palavra em português. “Isto tem que nos levar a refletir”.

“Devemos, através da língua, impulsionar a inclusão e dignidade de quem nos procura para trabalhar”, finalizou a autarca, evidenciando o “empoderamento das novas gerações, através do domínio da língua”.

O Dia Mundial da Língua Portuguesa comemora-se a 5 de maio e foi proclamado pela 40.ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em novembro de 2019.

Guimarães foi a cidade escolhida para o programa comemorativo deste ano.