Marta Lobo de Araújo premiada pela Academia Portuguesa da História por livro sobre Visconde de São Lázaro

A professora catedrática Marta Lobo de Araújo, da Universidade do Minho, venceu o Prémio Lusitania História, da Academia Portuguesa da História (APH), pelo seu livro ‘O Visconde de São Lázaro e o Palácio do Raio. Modernidade e progresso em Braga na segunda metade do século XIX’. Publicada este ano, a obra descreve a vida de Miguel José Raio, enquanto empresário retornado do Pará, Brasil, e a sua intervenção na vida social e na área do urbanismo em Braga.
Para a docente, este reconhecimento é uma “recompensa do trabalho”, mas também uma “responsabilidade acrescida perante os leitores e alunos” para continuar a trabalhar. “Ser um prémio da Academia Portuguesa da História”, da qual a docente faz parte, “é um orgulho porque, de facto, é uma instituição secular que criou vários historiadores de renome”, acrescenta.
Apesar desta ser a terceira vez que APH reconhece um trabalho da docente, este prémio é singular uma vez que este foi um trabalho “apaixonante desde o início” e foi desenvolvido sem conhecimento prévio.
“Conhecia apenas a sua imagem de um quadro, que permanece no Palácio do Raio. Mais tarde, tive acesso a outros retratos dele, que existem na cidade e que me deram, digamos, o rosto daquele homem”, diz.
Publicada este ano, pela editora Colibri, a obra descreve a vida de Miguel José Raio, enquanto empresário emigrado e retornado do Pará, Brasil, e a sua intervenção tanto na vida social quanto na área do urbanismo em Braga. De acordo com docente, a monografia não só vislumbra uma sociedade no século XIX, marcada pela emigração, como se debruça sobre a posição progressista de Miguel José Raio e “como esta faz dele um agente de mudança e de modernidade em Braga”. “Ele está em todos os sítios da cidade de Braga, a partir da segunda metade do século XIX, em que se moderniza e se faz progresso”, diz.
À RUM, a autora revela que o interesse por esta história surgiu de uma das suas muitas visitas ao Arquivo Municipal de Braga. “Um dia cheguei ao arquivo e um dos funcionários, o senhor Luís Araújo, disse-me, que o arquivo tinha um processo que me podia interessar, um inventário orfanológico”.
Em 1875, Miguel José Raio morreu “de um forma fuliminante” e o inventário orfanológica, tendo em conta que tinha uma filha menor a seu cargo, incluia todos os pertences do visconde. Para Marta Lobo de Araújo, este documento não só serviu para “conhecer todo o interior da casa e a forma como ele vivia” como foi o ponto de partida para “conhecer quem eram os seus homens de confiança, que alianças estabeleceu, como se movimentava dentro e fora da cidade”.
O galardão, que reconhece uma obra de investigação sobre a História de Portugal publicada no último ano, vai ser entregue à docente do Departamento de História do Instituto de Ciências Sociais da UMinho a 3 de dezembro, às 15h00, na sede da APH, no Palácio dos Lilases, em Lisboa.
