Medidas anunciadas para salas de espectáculo deixam muitas dúvidas

Para os programadores dos três grandes espaços culturais do quadrilátero urbano, Theatro Circo, Casa das Artes e Centro Cultural Vila Flor, restam ainda muitas dúvidas quando às medidas divulgadas, esta terça-feira, pela ministra da Cultura a propósito da reabertura de espaços culturais.

Não sendo ainda conhecidas todas as orientações governamentais, Graça Fonseca adiantou já que teatros, salas de espetáculos e cinemas podem reabrir, a partir de segunda-feira, 1 de Junho, com todas as filas ocupadas e um lugar de intervalo entre os espectadores, que serão obrigados a usar máscara.

Paulo Brandão diz que medidas anunciadas pelo Governo são “irrealistas”

Ainda sem conhecer o documento na íntegra e considerando que as regras poderão sofrer novamente alterações, há quem as ache “irrealistas”. É o caso do director-artístico do Theatro Circo. Em declarações à RUM, Paulo Brandão afirmou que o problema da reabertura não se prende apenas com o público, mas, sobretudo, com os artistas em palco. “Os espectáculos de teatro e dança, em que há contacto físico, vão ter que se adaptar e vão perder alguma da sua magia”, afirmou. 

Para o director-artístico do Theatro Circo, “há ainda algumas coisas a corrigir”. Prevendo que alguns “espectáculos não tenham nem metade da sala” ocupada, Paulo Brandão considera que a medida anteriormente anunciada, que permitiria que “as pessoas, depois de sentadas, pudessem tirar a máscara, não seria má ideia, se  os espectadores estivessem afastados com três lugares de distância e fila sim fila não”.


“A questão dos artistas no palco é fundamental para que a energia passe para a plateia”

O programador do Centro Cultural Vila Flor, Rui Torrinha, pede “congruência” do ponto de vista das decisões.

“O documento está em revisão, já sofreu bastantes alterações, e aguardamos com alguma serenidade. Estamos a fazer o nosso trabalho de casa e estamos confiantes que a reabertura em Junho vá ser feita”, afirmou. 


Partilhando da opinião de Paulo Brandão, o programador considera que “há aspectos mais fundamentais para a prática das artes no palco do que a lotação”. “Se amputarmos aquilo que é a actividade em palco, a espaços e comportamentos reduzidos, estamos a alterar a experiência da relação com as artes. A questão dos artistas no palco é fundamental para que a energia passe para a plateia”, frisou.

Director da Casa das Artes fala em “alegria contida”

Já o director da Casa das Artes, Álvaro Santos, fala em “alegria contida”, considerando que as medidas anunciadas esta terça-feira “foram boas notícias”, comparativamente ao que estava previsto “em termos de lotação do espaço”. Comentando as medidas anunciadas por Graça Fonseca em termos de lotação, Álvaro Santos diz que “já e possível ter uma plateia confortável para os artistas e, ao mesmo tempo, ter um número considerável de pessoas que estão interessadas em assitir”. 

Ainda assim, alerta, “faltam indicações concretas sobre temperaturas e forma de deslocação”, nomeadamente “se terão que medir ou não a temperatura ao público e quais serão os procedimentos a tomar quando recebem as equipas artísticas”. As questões de higienização, assegura, já estão a ser preparadas na Casa das Artes, com desinfectantes, caminhos delineados e pessoas a orientar os visitantes. 

O decreto, que ditará as regras para que os espaços culturais reabram, terá ainda que ser votado no Parlamento. Por isso mesmo, Paulo Brandão, Rui Torrinha e Álvaro Santos acreditam que as medidas podem não ser definitivas. 

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Liliana Oliveira
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