Ministério Público defende prisão preventiva para Vieira

A RTP apurou que o Ministério Público sugere a prisão preventiva como medida de coação para Luís Filipe Vieira, devido ao facto de o presidente do Benfica viajar com frequência e dispor de disponibilidade financeira no exterior.
No despacho que justifica o mandado de buscas assinado pelo juiz Carlos Alexandre, a que a RTP teve acesso, é ainda frisado que Luís Filipe Vieira desempenha funções suportadas por uma aparência de atividade legítima e que poderão agora ser colocadas em causa.
Por essa razão, o Ministério Público diz suspeitar fundadamente que, em face do conhecimento dos factos que lhe serão imputados, Vieira possa tentar estabelecer uma estratégia de fuga ou de adulteração dos meios de prova, nomeadamente ao forjar justificativos contratuais – prática que o MP diz já ter sido evidenciada no passado.
O despacho diz ainda existir um perigo sério e forte de continuação da atividade criminosa por parte do presidente do Benfica, além de perigo de perturbação do decurso do inquérito e da instrução do processo.
Perigos esses que, segundo o MP, apenas poderão ser acautelados com a detenção de Luís Filipe Vieira.
Mais uma noite detido
Luís Filipe Vieira já saiu das instalações do Tribunal Central de Instrução Criminal e vai ficar mais uma noite detido. Os interrogatórios só terão lugar esta sexta-feira, caso os arguidos queiram falar.
À saída do Tribunal Central de Instrução Criminal, o advogado de Luís Filipe Vieira garantiu que o seu cliente permanece sereno.
Questionado sobre se o presidente do Benfica vai prestar declarações ao juiz Carlos Alexandre, o advogado não quis esclarecer.
Quanto à posição do Ministério Público, que propõe prisão preventiva como medida de coação, o advogado Magalhães e Silva afirmou que “o segredo de justiça é um segredo de polichinelo”.
O que está em causa
Luís Filipe Vieira, o filho Tiago Vieira e dois empresários da confiança do presidente do Benfica, José António dos Santos – conhecido como o “Rei dos Frangos” – e Bruno Macedo, responsável pela intermediação do regresso de Jorge Jesus ao clube, foram detidos na quarta-feira, no quadro de um inquérito dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal.
Em causa estão factos ocorridos, “essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente e suscetíveis de integrarem a prática, entre outros, de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”, segundo indicou o DCIAP.
As quatro detenções ocorreram na sequência de diligências de busca que visaram, além de Vieira, as instalações do Benfica, o empresário José António dos Santos e a sede do Novo Banco.
O Ministério Público confirmou a realização de 45 buscas em “instalações de sociedades, domicílios, escritórios de advogados e uma instituição bancária”, nas “áreas de Lisboa, Torres Vedras e Braga”.
A investigação dirigida pela Autoridade Tributária está a analisar “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.
RTP
