Misericórdia de Braga vai ter residências assistidas no antigo S. Marcos

As antigas instalações do Hospital de São Marcos vão contar, além de uma unidade de cuidados continuados, com residências assistidas.

A nova valência foi anunciada aos microfones da RUM pelo Provedor da Misericórdia de Braga, Bernardo Reis, que explicou que desta forma o utente “terá um quarto, uma pequena sala e uma kitchenette”, além do serviço central instalado no edifício, que inclui lavandaria e fornecimento de refeições. Bernardo Reis considera que é uma forma de permitir aos utentes “viver mais em família, envelhecendo num espírito de permanente atividade e dignidade”.

A requalificação do último edifício do antigo São Marcos – “o grande desafio final” -, segundo o Provedor, deverá avançar depois de junho de 2022, num investimento superior a 10 Milhões de Euros. “Falta-nos o grande desafio final. Estamos na parte final de aprovação do projeto para ir a concurso público. Com isto, terminamos a recuperação de um conjunto de edifícios que poderia ter sido um problema grave para a cidade”, defende.

Ainda assim, consequência da crise de mão-de-obra no setor da construção civil e da escassez de materiais que levou ao aumento de preços, o valor inicialmente previsto pode ser superior, mas o Provedor recusa que estes aspetos venham a comprometer esta ambição. 

“Não compromete porque somos persistentes e resistentes. Não desistimos, até porque se tivermos algum capital, ele será direcionado para aí porque é a nossa obrigação”, garante. 

Entretanto, foi criado um grupo de trabalho, coordenado por Carlos Valério, que está a desenvolver o projeto e o futuro do seu funcionamento.


O ESTADO DEVE ESTAR MAIS ATENTO ÀS INSTITUIÇÕES DE SOLIDARIEDADE SOCIAL


Na mesma entrevista, o Provedor lembrou ainda o papel do estado no que à solidariedade social respeita, considerando que as instituições merecem “um outro respeito” e “melhores condições”, já que trabalham muitas vezes “em situações difíceis”, com destaque para as do interior.

Bernardo Reis afirma que são as instituições de solidariedade social as primeiras a ajudar a população vulnerável em situações de crise. Por isso, o Estado precisa de “olhar, planear, programar e orçamentar no sentido de dar melhores condições”. “Isto não deve ser apenas pontual, deve ter continuidade, independentemente de quem está no governo. As comparticipações que recebemos não se coadunam com os custos e com o trabalho que se desenvolve”, denuncia. Dando como exemplo um lar de idosos da Misericórdia de Braga, onde “a média de custo por utente situa-se entre 1150 e 1200 euros por mês”, o Provedor da Santa Casa refere que a instituição acolhe “por vezes”, pessoas com a pensão mínima sendo o valor suportado pela Misericórdia. Para colmatar estas situações, a Santa Casa recorre a receitas através de outras entidades “para aguentar”.

Ainda a propósito do apoio prestado pelo Estado às instituições de solidariedade social, em Portugal, as comparticipações do Estado situam-se na ordem dos 38%, muito abaixo da média dos países europeus mais desenvolvidos.

“CONTINUAREI A TRABALHAR NA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGA ENQUANTO ME FOR POSSÍVEL”

Bernardo Reis, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Braga desde 2003, foi homenageado pela instituição numa cerimónia que decorreu no Theatro Circo. Bernardo Reis assume que assim que se dedicou à Misericórdia de Braga “sabia que automaticamente iria prejudicar a família”. No entanto, prefere considerar que se tratou de “uma particularidade”. “Sempre foi a minha maneira de ser: dedicar-me, dar-me aos outros, aproximar-me. Nunca pretendi qualquer recompensa. Foi uma forma de dar a conhecer a mais-valia que constituem as misericórdias no nosso país”, lembra.



OUVIR ENTREVISTA COMPLETA A BERNARDO REIS NO PROGRAMA CAMPUS VERBAL

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Elsa Moura
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