Moçambique. Portugal vai enviar militares para formação

Augusto Santos Silva confirmou, em entrevista à RTP que Portugal vai enviar uma equipa de 60 militares para ações de formação com as Forças Armadas moçambicanas, num plano bilateral de cooperação com Moçambique para ajudar a combater os jihadistas na cidade de Palma. O ministro dos Negócios Estrangeiros explicou que os serviços diplomáticos já estão a estabelecer contactos com os portugueses que vivem e trabalham na cidade de Pemba, na região de Cabo Delgado. A situação dos deslocados é preocupante e as agências humanitárias enfrentam dificuldades.

De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros, foi criada uma equipa liderada pela cônsul-geral em Maputo, que se encontra em Pemba e vai referenciar os portugueses que se encontram no local.

Vai ser estudado quem precisa de apoios sociais e humanitários e as 15 empresas portugueses que se encontram no local vão ser contactadas.

Sobre o português que sofreu ferimentos, Santos Silva explicou que o mesmo se encontra em Joanesburgo e que o seu tratamento está a ser seguido.

Quanto ao envio de tropas para o terreno, para ajudar Moçambique a travar a ameaça jihadista em Cabo Delgado, o chefe da diplomacia portuguesa explica que isso só poderia ser considerado se houvesse um pedido das autoridades moçambicanas. Algo que não acontece.

Os primeiros elementos do contingente português que vai ajudar na formação das forças militares moçambicanas partirão na primeira quinzena de abril.

A vila sede de distrito com 42 mil habitantes, que acolhe os grandes projetos de gás do norte de Moçambique foi atacada na quarta-feira por grupos insurgentes que há três anos e meio aterrorizam a região. Dezenas de civis, incluindo sete pessoas que tentavam fugir do principal hotel, foram mortos pelo grupo armado.

O ataque foi reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico.

São já 700 mil deslocados no norte de Moçambique. O ataque dos jihadistas à povoação de Palma provocou o maior número de sempre de deslocados desde o início da ofensiva dos fundamentalistas islâmicos.

Muitas pessoas refugiaram-se no mato e passaram vários dias sem água nem alimentos, havendo operações de resgate para os levar em segurança para Pemba.

A violência já causou mais de 2.000 mortes e quase 700 mil deslocados.

Pentágono disponível na luta contra ISIS

O ministro português dos Negócios Estrangeiros revelou que ainda falta saber a decisão europeia para haver missões de apoio logístico e sanitário em Moçambique.

Entretanto, o Pentágono já se mostrou determinado em apoiar a luta contra o Daesh ou ISIS. Os Estados Unidos pretendem cooperar com o governo moçambicano para atingir esse objetivo.

A disponibilidade foi afirmada pelo porta-voz do Pentágono, John Kirby.

O responsável do Departamento de Defesa reagia, em Washington, ao ataque dos insurgentes que os Estados Unidos designam de ISIS-Moçambique (também conhecidos como Ansar al-Sunna) contra a vila de Palma, que terá feito dezenas de mortos entre civis.

“Continuamos determinados a cooperar com o governo de Moçambique no contraterrorismo e no combate ao extremismo violento e a derrotar o ISIS”, afirmou Kirby, numa declaração condenando o ataque.

Os ataques “demonstram uma total falta de respeito pelo bem-estar e segurança da população local, que sofre terrivelmente com as táticas brutais e indiscriminadas dos terroristas”, adiantou.

O Estado Islâmico já reivindicou o ataque e até o controlo da vila, próxima da península de Afungi, epicentro dos projetos de gás natural moçambicanos.


RTP

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Sara Pereira
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