Morreu Fernando Guimarães, “um dos nomes maiores da poesia portuguesa”

Morreu, esta sexta-feira, o poeta Fernando Guimarães, que, em abril, esteve em Braga, para receber o Prémio Vida Literária Vítor Aguiar e Silva. Na altura, em declarações aos jornalistas, partilhou que, no seu entender, nos dias de hoje, “a poesia não tem aquele acolhimento que, por exemplo, teve no século XVI”. “Estamos, portanto, num tempo do romantismo. Agora, as preocupações talvez sejam muito orientadas para uma dimensão tecnológica da comunicação e a poesia talvez tenha recuado quanto ao número de leitores”, apontou o autor.
Na mesma cerimónia, José Manuel Mendes, presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE), apontava-o como “um dos nomes maiores da poesia portuguesa”.
O poeta, ensaísta e tradutor português morreu, aos 97 anos, anunciou a editora Afrontamento na sua página de Facebook.
Fernando Guimarães nasceu a 3 de fevereiro de 1928. Formou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra, tendo sido professor do ensino secundário e investigador do Centro de Estudos do Pensamento Português da Universidade Católica. Publicou o seu primeiro livro de poesia em 1956 e, desde então, construiu uma obra literária que o consagrou como um dos maiores poetas portugueses das últimas gerações, destaca a editora, que há décadas publicava a sua obra.
Fernando Guimarães lançou dezenas de ensaios de teoria e crítica literárias, nos quais aborda a evolução da poesia portuguesa desde o final do século XVIII até aos dias de hoje.
Como tradutor, verteu para a língua portuguesa obras de Byron, Shelley, Keats, Dylan Thomas e D.H. Lawrence, entre outros grandes poetas e escritores consagrados.
Ao longo da vida, Fernando Guimarães foi distinguido com diversos prémios literários, tanto por obras específicas, como pelas suas traduções e ainda pelo conjunto da sua obra, nomeadamente da Associação Portuguesa de Escritores, Associação Internacional de Críticos Literários, PEN Clube, Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação Casa de Mateus, Fundação Luís Miguel Nava, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Universidade de Évora. No dia 09 de junho de 1995 foi nomeado Comendador da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
Entre as suas principais obras de poesia e ensaio literário publicadas, contam-se títulos como “O Anel Débil” (1992); “Uma Homenagem a Guilherme de Castilho” (1994, com Isabel Pires de Lima); “Limites para uma Árvore” (2000); “Os Caminhos Habitados” (2013); “A Terra Se É Leve” (2017); “Junto à Pedra” (2019); “Os Outros Movimentos Literários. Encontros e roturas a partir do século XIX” (2020); “Poética do Modernismo. Entre a Modernidade e a Pós-Modernidade” (2023); “Das Mesmas Fontes” (2023); “Sobre a Voz (2024)”, entre outros.
c/Lusa
