‘No dia 12, leva-me contigo’. Movimento aposta em caneta para combater a abstenção

O Movimento de Cidadania Contra a Indiferença está de volta às ruas de Braga para sensibilizar os eleitores para a importância do voto nas autárquicas de 12 de outubro. Criado em 2021, a partir de um “sobressalto democrático” no 25 de Abril, o coletivo tem promovido campanhas criativas para combater a indiferença eleitoral.
Este ano, aposta numa mensagem simples e simbólica: uma caneta. Sob o lema “No dia 12, leva-me contigo”, o movimento vai distribuir esferográficas em mercados, cafés e restaurantes, transformando um gesto quotidiano num lembrete do dever de votar.
“A estratégia passa por andar nos mercados, deixar estas esferográficas nos cafés e restaurantes, fazendo com que no final da refeição recebam também a nossa mensagem: leva-me contigo e vota”, explicou o porta-voz, Paulo Sousa, em entrevista à RUM.
Braga “campeã” na redução da abstenção mas partidos devem assumir o combate
Apesar de, em 2021, mais de 72 mil bracarenses terem ficado em casa — 43,09% de abstenção —, Paulo Sousa lembra que a cidade conseguiu inverter a tendência. “Braga foi mesmo campeã na redução da abstenção nas legislativas de maio de 2025, atingindo os 30%. A sociedade despertou, percebeu a importância de se mobilizar e nas eleições seguintes começou-se a notar essa diferença”, sublinha.
Ainda assim, alerta para o facto de “quase metade da população continuar sem exercer o seu direito de voto, e isso devia preocupar quem se candidata a governar a cidade”.
Para o movimento, não basta a sociedade civil promover campanhas de sensibilização. O peso maior deve estar nos partidos e candidatos, muitas vezes afastados do eleitorado. “Os partidos têm aqui uma grande responsabilidade. Estamos a falar de eleições de proximidade, de pessoas nascidas e criadas em Braga, e mesmo assim há quase metade da população que não vota. É preciso perceber o que se está a passar”, afirma Paulo Sousa.
O futuro em reflexão
O porta-voz admite que o movimento está a avaliar o seu futuro após quatro anos de ação consecutiva. “As pessoas já não podem dizer que nunca ouviram falar disto. O problema está identificado, mas agora cabe aos partidos assumirem a responsabilidade. Estamos a avaliar se faz sentido continuar, ou se devemos avançar para outras formas de participação e debate cívico, até a nível europeu”, refere.
Entre as ideias em cima da mesa estão conferências, projetos de cidadania ativa e intercâmbio com outras cidades da União Europeia. Para já, a prioridade é clara: mobilizar os bracarenses para votar a 12 de outubro.
