Nova discussão pública do PDM de Braga arranca hoje. ASPA está “atenta”

É preciso um debate alargado sobre a ocupação do território e planos urbanísticos para o município de Braga. Quem o defende é a direção da ASPA, a Associação para a defesa, estudo e divulgação do património cultural e natural, presidida atualmente por Manuel Sarmento. Esta semana, em entrevista à RUM, o responsável alertou para o aumento exponencial da capacidade construtiva anunciada pela atual maioria [e já prometida pelo candidato da coligação Juntos por Braga] que é também o vereador do Urbanismo.
Alerta que há um conjunto de fatores que falta compreender por parte dos responsáveis autárquicos quando se pretende solucionar o problema da falta de habitação.
Esta quinta-feira arranca a segunda discussão pública da terceira revisão do PDM de Braga, processo que decorre até 12 de novembro e será depois apreciado e votado por um novo executivo municipal que sairá das eleições autárquicas de 12 de outubro. Entre as preocupações da ASPA está a “impermiabilização dos solos com evidentes consequências no quotidiano”, mencionando que “não é por acaso que Braga é uma das cidades mais quentes no verão, em consequência da ocupação urbanística intensiva que foi feita ao longo de décadas”. Agora, apela aos responsáveis políticos que “sejam mais parcimoniosos na gestão do património”. “Compreendemos mal esta perspetiva de expansão a todo o custo, do sempre a crescer sem limites”, começa por evidenciar.
ASPA não compreende que regulamento do centro histórico tenha ficado na gaveta
A propósito do centro histórico, a recuperação que se verificou nos anos mais recentes preocupa também a Associação para a defesa, estudo e divulgação do património cultural e natural. Manuel Sarmento admite que são necessárias “mais casas e apartamentos, mas é fundamental que isso seja feito no respeito do património edificado”. “Um pouco por todo o centro histórico está a haver uma destruição significativo do património que nos foi legado. O interior das casas está a ser desfeito, destroem escadarias de madeira, tetos de estuque, vitrais, clarabóias, etc, transformando essas casas em apartamentos”, denuncia. E Teresa Barbosa acrescenta: “Braga está a transformar-se numa cidade de fachada”. Além disso, não compreende porque é que o novo regulamento do centro histórico ficou na gaveta, apesar de ter sido discutido ainda no mandato anterior.
“O processo administrativo decorreu com total normalidade, várias pessoas e organizações participaram, a ASPA participou com um conjunto de sugestões, reunimos com as pessoas que estavam no município a tratar do assunto, há um relatório final desse processo administrativo que ficou na gaveta e não percebemos porquê. Nunca saiu a público, nunca foi à assembleia municipal e continuamos a lidar com um regulamento do centro histórico antigo que teria que ser atualizado em função daquilo que são os valores atuais”, esclarece.
A responsável da ASPA refere que a rua de S. Vicente é um exemplo prático do que acontece em Braga e já não acontece noutras cidades. “Por exemplo, uma casa unifamiliar tem agora dezasseis, dezoito, doze apartamentos (T0 e T1), noutras cidades são transformados em habitações, mas de outra forma, em que mantêm a escadaria, todos os elementos, aqui não., fica a fachada e estamos a construir uma cidade de fachada”, critica.
A entrevista completa pode ser escutada em podcast
