Números locais “são mais precisos”, diz Graça Freitas

Na conferência de imprensa diária do Governo e da Direcção-Geral da Saúde, Graça Freitas reconheceu que os dados apurados localmente “são mais finos e precisos” do que os nacionais e revelou ainda que os dados repartidos por concelhos que diariamente constam dos boletins da DGS “são indicativos e vão sendo afinados dia a dia”.
Questionada sobre as discrepâncias de que alguns autarcas têm dado conta relativamente aos dados divulgados no boletim nacional epidemiológico da DGS e aos apurados localmente pelas próprias autoridades locais, a directora-geral da Saúde voltou a explicar o funcionamento do Sinave e o processo de declaração de novos casos de infeção por SARS-CoV-2, que junta várias plataformas e não é automático.
Depois, explicando que muitas vezes o local de infecção pode não corresponder à morada do paciente e admitindo, como aconteceu este sábado, a possibilidade de duplicação de resultados, nomeadamente após a integração das informações recolhidas a nível laboratorial, a diretora-geral da Saúde revelou que é exatamente por isso que no boletim deste domingo não há informação atualizada por concelhos.
“As informações mais incompletas dos laboratórios não permitiram que do relatório de hoje constassem dados relativos aos casos registados por concelhos, apenas os totais nacionais”, disse Graça Freitas, que fez questão de garantir que “a nível macro, a nível nacional os números estão o mais próximo possível da realidade”.
O mesmo não acontece, assegurou, relativamente ao número de óbitos registado no País. Esse, explicou Graça Freitas, é centralizado online, “segundo a segundo”, através de um único sistema de reporte.
Celebração do 13 de Maio é permitida; peregrinação não
A ministra da Saúde, Marta Temido, acompanhou Graça Freitas da conferência e esclareceu hoje que o que quis dizer ontem, em entrevista à SIC, foi que o que não poderá acontecer em Fátima é a tradicional peregrinação.
“O que o Ministério da Saúde pretendeu explicitar ontem é que há uma diferença entre peregrinos e celebrantes”, disse. Fica implícito que é possível haver uma celebração com fiéis presentes, desde que seguindo regras de distanciamento, o que não é possível é a habitual peregrinação pelas estradas portuguesas rumo ao Santuário.
Marta Temido lembra que a Igreja “há muito definiu, e com grande prudência, que este ano não haveria peregrinos no Santuário de Fátima”, para celebrar o 13 de Maio.
À SIC, Marta Temido admitiu a possibilidade de celebrações no 13 de Maio, desde que cumpridas determinadas regras sanitárias.
Este domingo, em declarações ao PÚBLICO, a diocese de Leiria-Fátima disse que foram “surpreendidos” pelas declarações da ministra à SIC. “Fomos apanhados desprevenidos e estamos a avaliar a situação no sentido saber o que é possível”, disse o chefe de gabinete do bispo de Leira-Fátima.
“Fomos todos surpreendidos e temos de esclarecer tudo. Não sabemos mais do que todos os portugueses ouviram ontem”, disse o padre Vítor Coutinho, referindo que existirão reuniões internas para debater o tema.
“Existem muitas coisas a ponderar. Hoje não haverá uma decisão pública sobre o assunto”, acrescentou.
O bispo de Leiria-Fátima, António Marto, referiu em Abril que o cancelamento das peregrinações era “um acto de responsabilidade pastoral e também um profundo acto de fé” e que não poderia permitir que o santuário se transformasse num “foco de contágio”. Por isso, a Igreja Católica optou por celebrações sem fiéis.
*Com Observador e Público
