“O segmento escolar pode ser uma bolha de oxigénio para as livrarias”

A três semanas do arranque do ano lectivo, a procura por manuais escolares e cadernos de actividades intensifica-se cada vez mais. Pela segunda vez, todos os alunos do ensino público, do 1º ao 12º ano, têm direito a manuais gratuitos. Além disso, no caso de Braga, vão também ser oferecidos os cadernos de actividades às crianças que frequentam a escola primária.
Na perspectiva dos livreiros, a aposta em vouchers é uma boa medida. Em conversa com a RUM, o proprietário da Livraria Minho adianta que este período, iniciado em Agosto, está “a correr muito bem”. No entender de Augusto Ferreira, o principal factor é o recurso aos vales. “Estou convecido que este vai ser um bom ano para os livreiros, neste capítulo, porque todos os livros serão requisitados através de vouchers”, afirma.
Os vouchers para a aquisição de manuais escolares gratuitos começaram a ser disponibilizados na plataforma MEGA no dia 3 para os anos de continuidade e no dia 13 para os de início de ciclo.
“As pessoas chegam aqui com o voucher e ele é resgastado. Fazemos a encomenda para as respectivas editoras e depois os livros são entregues. Chegamos ao final do mês e enviamos para o ministério essa informação. Passado um mês, no máximo, começamos a receber o valor dessas facturas”, explica Helena Veloso. O processo é “bastante simples e célere”, complementa Sofia Afonso, a outra proprietária da Centésima Página.
O principal segmento da livraria prende-se com as obras literárias. Ainda assim, devido à facilidade do mecanismo proporcionado pelo Estado e pelas solicitações dos clientes, as responsáveis pelo espaço referem que o estabelecimento não deixa de apostar no sector escolar, mesmo só representando 5% da facturação total.
Além disso, este ano acresce a questão da pandemia e o facto de as livrarias terem estado encerradas durante dois meses e de os eventos terem sido cancelados, adiados ou adaptados, como foi o caso da Feira do Livro de Braga. Segundo Helena Veloso, todos estas situações fizeram com que as responsáveis ficassem “mais recetivas à questão do escolar”. “Este segmento pode ser uma bolha de oxigénio importante para as livrarias”, acrescenta Sofia Afonso.
Mais dependente do segmento escolar está a Livraria Minho, principalmente numa época de pandemia. Augusto Ferreira revela que, nos primeiros sete meses do ano, o estabelecimento teve “um prejuízo de mais de 20 mil euros” comparativamente a 2019 e que, no período inicial pós-confinamento, tinha “dois ou três clientes por dia”. “Tivemos sorte porque dois empregados reformaram-se no ano passado. Caso contrário, tínhamos grandes dificuldades. Os livros escolares é que nos valem agora”, complementa.
