‘Palavras Pendentes’ fecha a cortina do ‘Braga En’Cena’

Com referências aos comícios realizados em Braga em abril de 1974, o espetáculo ‘Palavras Pendentes’ debate a importância da liberdade. A criação de Tiago Fernandes sobe ao palco principal do Theatro Circo na noite desta terça-feira, pelas 21h30.
A peça “é uma pequena homenagem àqueles que ergueram as vozes” no comício realizado em Braga no dia 26 de abril de 1974, começa por contar à RUM o diretor e encenador da companhia MalaD’arte, Tiago Fernandes.
Em palco, 108 atores, entre profissionais e moradores da comunidade local, numa “fusão” para criar um espetáculo com “música, patinagem, poesia, além da parte cénica”.
O projeto surgiu depois da participação da companhia no evento realizado na Praça do Município no dia 26 de abril, que recriou, 50 anos, depois o primeiro Comício em tempos de liberdade que teve lugar em Braga em 1974.
A celebração que a RUM acompanhou com uma emissão em direto da praça municipal acabaria por ficar condicionada pela chuva, o que obrigou a organização a “reduzir o espetáculo”, e fez com que o autor sentisse “necessidade de fazer outra coisa com estes artistas que não fosse condicionada por outra situação qualquer”. “Decidi juntar outra vez estas entidades e estas pessoas para este espetáculo do Theatro Circo”, revela.
Entre o grupo de atores profissionais que participam da peça está Mafalda Santos, ela que descreve o ‘Palavras Pendentes’ como um “espetáculo muito ambíguo”. Caberá ao público interpretar a importância da liberdade apresentada em palco, “imaginar os cenários e as imagens que querem, para questionar e interpretar as cenas que acontecem consoante as suas experiências de vida e valores sociais”. A atriz confidencia que o trabalho realizado entre os atores e a direção foi para que pudessem “sentir o texto para perceber sobretudo o que é que se está a dizer”.
“O Braga En’Cena cria uma simbiose entre os agentes culturais da cidade”
A peça ‘Palavras Pendentes’, da Companhia MalaD’arte encerrará a programação do ciclo Braga En’Cena, que arrancou em meados de abril deste ano. A segunda edição foi dedicada, precisamente, aos 50 anos do 25 de Abril, o que, para Tiago Fernandes “faz todo o sentido, pois junta as mais diversas companhias do concelho a fazer um trabalho único”, utilizando as especialidades em teatro, música e outras ligadas ao cinema e à televisão. “Quando caminhamos para 2025, quando Braga vai ter um papel importante no país, criarmos aqui realmente uma simbiose entre os agentes culturais da cidade”, argumenta.
O autor garante que a peça não vai apresentar respostas, mas que serão “colocadas muitas perguntas para que o público saia de lá e se questione”. Para Tiago Fernandes, este é o papel da arte: “questionar”.
*Escrito por Marcelo Hermsdorf e editado por Elsa Moura
