Pandemia acentuou crise na comunicação social local e regional

Os jornalistas dos meios de comunicação social locais e regionais foram os que mais sofreram com a pandemia, segundo mostra o “Estudo sobre efeitos do Estado de Emergência no Jornalismo no Contexto da Pandemia da Covid-19”, feito através de inquéritos online a 890 jornalistas, entre o dia 22 de Maio e 8 de Junho.


O documento, desenvolvido por investigadores das universidades do Minho, Coimbra e Lisboa, conclui que a precariedade no sector da comunicação social aumentou com o estado de emergência, através da perda de receitas de publicidade e de rendimentos dos jornalistas.


Madalena Oliveira, do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do Minho, foi uma das autoras do estudo e aponta, à RUM, que as dificuldades reveladas pelo documento “são sobretudo acentuadas nos meios de comunicação locais e regionais”. “Entre os meios nacionais e internacionais e os regionais e locais, percebemos que os mais afectados são os jornalistas que trabalham nos meios de âmbito regional”.

O documento mostra que, entre 799 jornalistas que estavam a exercer durante o estado de emergência, 17% foi para o desemprego, 11% esteve em regime de lay-off, e 47% tem um rendimento bruto mensal igual ou inferior a 900 euros.  

“Vimos que muitos jornalistas viram os seus rendimentos, ou do seu agregado familiar, baixarem, que houve perda de emprego, e que houve um agravamento de expectativas relativamente ao futuro na profissão: há mais gente a ter a percepção de que é provável ou muito provável perder o emprego e que é menos provável ascender na carreira de jornalista”, explica a investigadora.

A pandemia também trouxe a obrigação do teletrabalho e o estudo aponta que quase 70% dos jornalistas inquiridos ficaram em casa durante o estado de emergência, situação que Madalena Oliveira considera que se pode perpetuar, afectando a normal produção noticiosa.

“Haverá muitas empresas ainda em teletrabalho e isso significa uma escassez de meios para aceder ao terreno. A quebra do exercício de reportagem caiu muito durante este período”, sublinha a investigadora que ressalva ainda o “paradoxo” verificado durante o período mais crítico da pandemia.

“Verificou-se um paradoxo porque aumentou a procura de informação por ouvintes, leitores e espectadores, mas os meios de comunicação foram francamente afectados do ponto de vista económico”.

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Pedro Magalhães
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