Pandemia deixa dezenas de bebés por registar em Portugal

Depois do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge ter revelado os dados mais recentes do teste do pezinho, os números não batiam certo com o total de nascimentos no Hospital de Faro.
Segundo a TSF, nos primeiros três meses do ano, registou-se uma descida de nascimentos (18226), para o valor mais baixo desde 2015.
A pista foi seguida até se perceber que vários bebés não fizeram o teste do pezinho nem a vacina da BCG, nos centros de saúde.
De acordo com uma fonte do Hospital de Faro, citada pela TSF, além da “fuga” ao teste do pezinho, não existe qualquer registo dessas crianças nascidas durante o período mais crítico da pandemia. São bebés indocumentados, aos quais se perdeu o rasto e, não estando registados, podem, no limite, ser alvo de tráfico ou outro tipo de crimes e violação dos direitos humanos.
A mesma fonte adianta à TSF que serão dezenas os casos de bebés não registados e, sobretudo, filhos de imigrantes.
A Associação Portuguesa pelos Direitos da Mulher na Gravidez e Parto (APDMGP) não fica surpreendida com esta situação. “Vemos a dificuldade dos pais a esbarrarem numa máquina burocrática que parece não estar a funcionar”, afirma a co-fundadora da APDMGP, Sara do Vale, que critica uma “fase de limbo que já se estende há muito tempo”.
Por causa da Covid-19, as conservatórias estiveram fechadas, durante o estado de emergência.
Os balcões Nascer Cidadão, que permitiam registar os bebés nas maternidades, também estiveram encerrados. Só este mês começaram a reabrir, de forma gradual, mas no Hospital de Faro, o serviço continua fechado.
“É perigoso, mesmo a nível de tráfico”, alerta Sara do Vale, que também está preocupada com a saúde das mulheres. “Temos relatos de senhoras que tiveram partos muito longos e complicados, que têm de ficar em pé, do lado de fora do edifício, à espera de retirar senha para, eventualmente, poderem registar os bebés.”
c/ TSF
