Pandemia trouxe mais público aos cineclubes do quadrilátero

No geral, a pandemia de Covid-19 veio trazer mais público aos cineclubes do quadrilátero. A RUM conversou com os programadores Carlos Mesquita, Eduardo Figueiredo e Vítor Ribeiro para perceber como tem sido a retoma da actividade, em específico, no mês de Agosto. Fique a conhecer também as apostas dos espaços do quadrilátero para o mês de Setembro.

Cinéfilos dão mais segurança ao Cineclube de Guimarães.

Carlos Mesquita, programador do cineclube de Guimarães, garante que os pequenos distribuidores têm ganho terreno em relação às grandes salas de cinema. O cineclube de Guimarães, com 62 anos de existência conta com mais de 800 sócios. Para além disso, o programador revela que a programação do espaço é seguida de perto por cinéfilos. São apaixonados pela sétima arte, acompanham realizadores e interessam-se por críticas. “Temos vários no nosso meio o que nos dá alguma segurança”, refere.

Para a iniciativa “Cinema em noites de Verão” a organização apenas disponibilizou 90 lugares. Lugares esses que foram preenchidos ao longo das várias sessões organizadas.

Em Setembro, a programação vai sair das ruas do centro histórico da cidade berço para o Centro Cultural Vila Flor (CCVF) também com a lotação limitada a apenas 300 lugares. “Zé Pedro, Rock’n’Roll” é a primeira sugestão do cineclube de Guimarães, a 6 de Setembro. A sessão arranca às 21h45, no CCVF.

Em Outubro, o cineclube vai exibir “Tenet”, a longa metragem de Christopher Nolan. Este pode ser o primeiro grande desafio da sala vimaranense. “Não sabemos qual será a reacção do público. Caso exista um aumento da procura vamos ter de desdobrar as sessões. Para nós Guimarães não tem público para cinema à tarde, mas é uma hipótese em aberto”, adianta.

Outra das questões ainda em aberto está relacionada com os intervalos. Carlos Mesquita explica que o intervalo é uma forma de criar nos cineclubes um “espaço de encontro”. Logo, a organização ainda não fechou este dossier.

Quase 2 mil espectadores passaram pelas cinco sessões do Cinema Paraíso.


As cinco sessões de cinema ao ar livre, no Parque da Devesa, em Vila Nova de Famalicão, registaram uma média de 400 espectadores por sessão. Um resultado positivo nesta retoma do diálogo com o público, segundo o programador, Vítor Ribeiro.

De acordo com dados do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), as salas de cinema registaram uma quebra de 95,6% de espectadores, em Julho. Apenas 78 mil espectadores foram até às grandes salas portuguesas. Dados que na óptica do programador do cineclube de Joane podem ser explicados por uma relação menos “estreita com o público”.

Em Setembro, o cineclube de Joane vai regressar à Casa das Artes com apostas cinematográficas de todo o mundo. A viagem tem início no Brasil, no dia 3, com o filme “A Vida Invisível” de Karim Ainouz. A 10 de Setembro, o destaque vai para “Pássaros de Verão” de Cristina Gallego e Ciro Guerra. No dia 17, o cineclube de Joane dá destaque ao cinema português. “Mosquito” de João Nuno Pinto foi o filme de abertura do prestigiado Festival de Cinema de Roterdão. Esta é a segunda longa metragem do realizador. Para fechar o mês, “Liberté” de Albert Serra.

De modo a garantir a segurança dos espectadores, as sessões na Casa das Artes vão decorrer sem intervalo.

Vítor Ribeiro refere que no futuro avizinham-se tempos difíceis, sendo que as previsões são de uma lotação, em alguns casos, inferior a metade de anos anteriores. “Vamos fazer as sessões para os espectadores que estiverem”, afirma.

Cineclube Zoom de Barcelos supera as expectativas.


A pandemia do novo coronavírus trouxe mais público às sessões do cineclube de Barcelos. No entanto, o programador, Eduardo Figueiredo, revelou à RUM que apesar dos esforços da organização o cineclube não tem a afluência que gostariam. “Estamos sempre a lutar para que o fluxo de público de todas as idades seja mais notório”, adianta.

Normalmente, a programação do Zoom não inclui o mesmo de Agosto. Ora, com a pandemia de Covid-19 a obrigar ao fecho de portas em Março, a estratégia do cineclube da cidade dos galos foi alterada.

“Largas dezenas de pessoas” demonstraram interesse nas apostas do cineclube ao ar livre. Os filmes em exibição abordaram a temática do confinamento.

Em Setembro, as apostas serão desta feita na temática musical, visto que o cineclube de Barcelos integra a 5ª edição do festival “Jazz ao Largo. No dia 9 de Setembro, o destaque vai para o filme “Kansas City”, de 1996, do realizador Robert Altman. Uma longa metragem que retrata a vida de vários nomes sonantes do jazz na década dos anos 30. A sessão está agendada para as 22h00, em frente ao Teatro Gil Vicente. A entrada é livre.

“As maravilhas de Montfermeil”, primeiro filme com a direção da atriz Jeanne Balibar e “O nosso tempo” de Carlos Reygadas são as grandes metragens que se seguem.

Aos microfones da Universitária, o programador revela que o Zoom tem a ambição de investir numa programação dedicada em exclusivo aos novos talentos no cinema português. Eduardo Figueiredo revela que, em princípio, no mês de Outubro a cineclube irá dedicar a sua programação a curtas metragens de jovens cineastas. 

O público do Lucky Star continuou fiel.


As sessões do cineclube de Braga passaram da Casa do Professor para a Casa dos Crivos. Em Julho, a retoma do público às salas “surpreendeu” a organização, na media em que a maioria das propostas estiveram com lotação esgotada.

De acordo com José Oliveira, programador do Lucky Star, apesar da limitação do espaço e das normas da Direcção-Geral de Saúde as sessões conseguiram cativar entre 15 a 20 pessoas. Um número bastante satisfatório para a organização.

O Lucky Star manteve-se leal à sua identidade. Pela sala da Casa dos Crivos passaram filmes de autor, cinema independente e longas metragem focadas na história da sétima arte.

Para o programador as salas de cinema “nunca serão substituídas pelos televisores, ecrãs de computador ou telemóveis. Existem filmes que não podem ser vistos nestas plataformas. As pessoas sentiram falta desse género de filmes”, ou seja, para José Oliveira o cinema vai permanecer característico de uma sala escura com grandes ecrãs. 

Neste momento o cineclube da cidade dos arcebispos está na sua habitual pausa de verão. Em Setembro, o Lucky Star regressa com mais longas metragens de Luis Buñel.

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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