M.A.D., em estreia na Casa das Artes, procura a “inquietação da loucura”

“É a primeira coisa que ela pensa: eu vou morrer” é o objecto existencial que dá o ponto de partida para a nova co-produção da Casa das Artes de Famalicão e do recém-criado colectivo Grua.

M.A.D. estreia esta sexta-feira (está em cena até domingo) na casa cultural famalicense e explora a percepção individual e colectiva do apocalipse, na louca contradição entre criar e prevenir. “O espectáculo questiona-se a ele próprio. Há uma ideia de maternidade, de uma geração que começa espiritualmente derrotada e que depois apazigua”, comenta Pedro Galiza, co-criador do espectáculo.

Lido por extenso, M.A.D. quer dizer louco mas, na verdade, é também um acrónimo: Mutual Assured Destruction – destruição mutuamente assegurada, em português -, termo criado na Guerra Fria. A teoria nasceu para explicar que o equilíbrio de forças entre a Rússia e os Estados Unidos não deixava um atacar o outro. 

“É uma metáfora para os dias de hoje: todos nós contribuimos para o fim do mundo ao mesmo tempo que temos consciência de que há qualquer coisa que se calhar está para acabar. Esta ideia é louca, de no dia-a-dia não questionarmos as nossas escolhas e de, colectivamente, haver uma hiperconsciência”.


M.A.D. é um espectáculo minimalista, sem adereços no palco, agarrando-se apenas a um desenho de luz e a sete personagens em palco, em movimento e questionamento. A escassez de elementos visuais desafia o público a formular o que vai decorrendo na representação, “de metáfora em metáfora”. As várias camadas invisíveis são “exigentes” para os espectadores, uma proposta obrigatória do colectivo Grua, que considera o teatro “um sítio onde as coisas não podem ser só aquilo que parecem à primeira vista”.


Teatro de garagem está a voltar, diz co-criador de M.A.D.

M.A.D. é o primeiro espectáculo criado pelo colectivo Grua. O colectivo, fixado no Porto, foi formado o ano passado e tem poucos recursos financeiros. Pedro Galiza não é novo nas andanças e lamenta que haja “cada vez menos parceiros que queiram arriscar”. A escassez de palco para estes colectivos se apresentarem é, na opinião do artista, um problema, atendendo, no mais, “ao regresso do teatro de garagem e à explosão de criadores, projectos e escolas”.


A Casa das Artes decidiu fugir à regra e apoiou o primeiro projecto do colectivo portuense. A democratização para criar, lembra Álvaro Santos, director-artístico do espaço famalicense, “faz parte da estratégia da Casa, de diversificar os temas, não só os clássicos mas aqueles que desafiam”.

M.A.D estreia às 21h30 desta sexta-feira (está em palco, à mesma hora, no sábado e às 17h, no domingo) na Casa das Artes de Famalicão. Os bilhetes podem ser adquiridos aqui.

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Pedro Magalhães
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Sérgio Xavier
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