Popularidade de Marcelo explica adiamento do anúncio de recandidatura
A pouco menos de cinco meses das eleições presidenciais, o actual presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ainda não revelou se é ou não recandidato, remetendo a decisão para Dezembro.
Apenas Ramalho Eanes demorou menos tempo a anunciar a recandidatura e a RUM tentou perceber, junto de José Palmeira, politólogo e professor de Ciência Política na Universidade do Minho, os motivos pelos quais tem Marcelo adiado a sua decisão. De acordo com o especialista, o próprio cargo de presidente da República, a popularidade de que goza e a hipótese de colocar um travão a putativos candidatos ajudam a explicar a posição do actual chefe de Estado.
“Ao presidente da República não interessa lançar-se cedo à corrida. Sendo ele o presidente em exercício, se fizesse já o anúncio seria visto como candidato e qualquer actividade que fizesse seria vista como campanha eleitoral. Por outro lado, como tem uma popularidade muito grande, não necessita de muito tempo para apresentar a sua candidatura, e inibe, também, potenciais adversários, como a Ana Gomes, de avançarem”, esclarece.
Indiferente ao anúncio de Marcelo, já houve candidatos à direita a anunciarem candidatura, como André Ventura, do Chega. Na opinião de José Palmeira, Ventura quis “marcar espaço” em quadrantes da direita, mesmo no PSD.
“À direita, e mesmo no PSD, há pessoas que não estão contentes com o actual presidente da República. É, por isso, natural que quem avance primeiro ganhe alguma vantagem e o André Ventura procurou ocupar, desde logo, esse espaço”, assinala.
À esquerda, Bloco de Esquerda e PCP ainda não anunciaram candidatos e Ana Gomes está “em reflexão”. À direita, além de Ventura, Tiago Mayan (Iniciativa Liberal) e Câmara Pereira (PPM) já anunciaram candidatura.
