Portugal investe pouco na formação de engenheiros dedicados à cibersegurança

17,4 Milhões de Euros para cibersegurança não é suficiente. Quem o diz é Henrique Santos, presidente da Associação Portuguesa de Proteção de Dados.
O especialista considera que o maior problema associado a este setor em Portugal reside na falta de recursos humanos e, para isso, o valor anunciado esta quarta-feira pelo ministro da Administração Interna não chega.
Ouvido pela RUM, o também docente da UMinho assinala que as carências no país “são enormes”. “Ao nível dos recursos humanos, nós estamos muito mal”, declara. Por outro lado, assinala, se os 17,4 ME forem orientados para equipamentos, depois é preciso alguém a “operar devidamente” estas ferramentas, o que só é possível investindo num “treino sólido”. “Não se pega em alunos que estão envolvidos noutras áreas de engenharia, com duas ou três disciplinas clássicas, ou mesmo com dois ou três meses de treino, e se prepara alguém para cibersegurança. As coisas não são assim”, avisa.
O professor do Departamento de Sistemas de Informação da Universidade do Minho acredita que a formação e o treino especializado devem ser o foco principal para a implementação de cibersegurança em Portugal.
Ainda que reconheça a importância da consciencialização, Henrique Santos afirma que esta é a parte “mais simples e menos relevante”. “Não é um problema de legislação, mas de regulação na utilização e de definir critérios, quer para investigar incidentes, quer para depois definir culpa. É preciso assumir algumas regras”, nota.
Por isso, em Portugal “falta tudo” na preparação de recursos humanos para utilizar equipamentos dedicados à cibersegurança, algo que se resolverá com “um treino intensivo, controlado, acompanhado e certificado”, insiste.
c/ Nuno Diogo Pereira
