Possível alteração do PDM de Guimarães para instalar empresa gera discussão entre vereadores

A possível construção de uma fábrica no centro de Urgezes gerou forte debate na reunião de ontem da Câmara de Guimarães.
Em causa está um pedido de reconhecimento de interesse público, votado ontem, para a instalação de uma empresa do concelho num terreno classificado como reserva agrícola nacional, que obrigaria à alertação do PDM (Plano Diretor Municipal).
Os vereadores da coligação Juntos por Guimarães, composta pelos partidos do PSD e do CDS-PP, votaram contra a proposta por considerarem que a empresa em questão podia ser construída noutro terreno, que não fosse reserva agrícola e que estivesse mais longe do centro da freguesia de Urgezes.
O vereador e candidato do PSD à Câmara de Guimarães, Bruno Fernandes, referiu que a empresa ficaria “contígua à EB 2/3 e à Igreja” da freguesia, apontando que “bastava olhar para o outro lado da rua, na via de acesso à autoestrada, onde há muita área, para ser estudada uma solução para instalar unidades industriais”.
O social-democrata acusou a autarquia de “querer forçar a instalação de uma empresa” e “coartar a possibilidade de o centro da freguesia ser expandido com naturalidade”, sugerindo, ao invés, que “o município devia comprar” o terreno para implantar “zonas verdes e promover a habitação a custos controlados”.
Na resposta, o vereador do urbanismo, Fernando Seara de Sá, começou por alertar que a desclassificação do terreno ainda terá de passar pelo aval da tutela da reserva agrícola nacional mas salvaguardou que a obra em causa não se trata de um “edifício industrial tradicional”.
O vereador do PS assinalou que a empresa pode ajudar a limitar “os movimentos pendulares” dos cidadãos – entre casa e trabalho -, o tráfego automóvel e a criar emprego.
“Se a fábrica produzir emprego e se esse for próximo de onde as pessoas moram, que reduza percursos pendulares e consiga fazer uma separação de tráfego entre pesados e outros meios, acho que vale a pena experimentarmos soluções diferenciadas”, argumentou.
Também o vereador do PSD, André Coelho Lima abordou o assunto, vincando que a eventual implementação da empresa no terreno em causa é “lesa cidade” porque “condiciona completamente” um futuro acesso rodoviário entre a zona sul de Guimarães e o centro da cidade, impossibilitando a construção de um túnel para garantir a ligação entre a rotunda de acesso à auto-estrada e a rotunda de acesso à Avenida D. João IV.
O social-democrata recordou que a alteração mais recente ao PDM de Guimarães foi feita em 2015 e que, por isso, “é preciso ser muito bem explicado uma violação do PDM” que o “próprio” executivo “pensou”.
“Se para aquela zona não foi pensada uma zona de construção por alguma coisa foi. Queremos que isso se mantenha, fundamentalmente por causa do constrangimento rodoviário de fechamento da circular urbana”, acusou.
