Nuno Sousa acusa Governo de “agravar cenário” do internato com abertura de mais escolas de Medicina

O presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho (EMUM) não poupou nas críticas ao ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor, e à intenção do Governo de abrir três novas escolas médicas, em Aveiro, Vila Real e Évora, até 2023.
Na sessão solene do 21.º aniversário da Escola de Medicina, esta sexta-feira, Nuno Sousa, lamentou que “um terço dos estudantes não tenha acesso ao internato médico, em Novembro”, e acusa o Governo de, a cumprir a abertura de mais Escolas de Medicina, “agravar este cenário”.
O presidente lembrou que da EMUM saem “médicos com formação sólida, realizada numa casa de ciência,de conhecimento e humanismo”. “Ainda que alguns, com responsabilidades, pensem que se pode formar médicos em qualquer lugar e circunstância, não pode. Abriu-se uma caixa de pandora que só vai agravar o cenário, porque é conveniente. Entram mais para quê? Para ficarem no limbo? Talvez um alinhamento com a colega da Saúde fosse mais produtivo para o país”, apontou Nuno Sousa.
O presidente da Escola de Medicina lamentou ainda a “estagnação de uma política de ausências, onde não se aposta nas pessoas nem nas instituições”. A EMUM, lembrou, “contratou nos últimos dois anos vários investigadores, não por decreto, mas por convicção”. As críticas foram extensíveis à UMinho, aproveitando a presença do vice-reitor para a Investigação e Inovação, Eugénio Campos Ferreira.“Este esforço cria dignidade no trabalho e permite fazer mais e melhor ciência, assumindo que a UMinho liberta as verbas a tempo de executarmos os projetos”, atirou.
Na resposta, o vice-reitor lembrou que “a Escola de Medicina tem tido um enquadramento próprio para a sua gestão e financiamento, que se chama contrato-programa, e que permitiu à escola maior agilidade”. “Este enquadramento foi revisto em 2020 e nesta nova formulação procura-se um novo ponto de equilíbrio entre autonomia e responsabilidade, numa utilização racional de recursos, que possa permitir à Universidade evoluir para um modelo organizacional, mais responsabilizante para as unidades orgânicas”, afirmou. Eugénio Campos Ferreira apelou à Escola “uma atenção aos constrangimentos com que a Universidade se debate”. O vice-reitor apontou ainda a Escola de Medicina da UMinho como “uma referência no sistema de escolas médicas portuguesas e que projeta de uma forma impactante no contexto global”.
A falta constante de financiamento e as dificuldades em trabalhar no dia-a-dia foram também criticiadas pelo presidente da Escola, Nuno Sousa.
Nuno Sousa quer Escola de Medicina da UMinho no “epicentro de um ecossistema inovador de saúde na região”
Nuno Sousa acredita que a EMUM “está a construir a prestação de cuidados de saúde do futuro e, com isso, irá criar um ecossistema sustentável da saúde, que garanta o futuro e que se prepare para responder às necessidades do país”. “A visão que se propõe para a Escola é a da ambição de ser um epicentro num ecossistema inovador de saúde na região e quem sabe escalável ao país, se tivermos engenho e arte. Neste ecossistema é possivel formar profissionais de saúde, cientistas, criar condições ideais para produzir conhecimento fundamental e melhorar a assistência médica às populações”, finalizou.
Nuno Sousa considera que a Escola de Medicina ajudou “a mudar a Universidade e o país, na perspetiva da educação médica, investigação e da inovação biomédica e clínica”.
A Escola de Medicina celebra, hoje, o seu 21.º aniversário. Na cerimónia, foram entregues diplomas aos estudantes recém graduados. Marta Catarina Almeida recebeu o Prémio Professor Joaquim Pinto Machado, Fátima Baltazar e Carinha Cunha foram distinguidas com o Prémio de Incentivo à Investigação e Isabel Veiga recebeu o Prémio Professor Manuel Teixeira da Silva. Além disso, Jorge Freitas recebeu o Prémio de Incentivo à Valorização e Marco António Filho o Prémio de Incentivo à Docência.
