Proposta do Governo para integração dos precários não convence UMinho

Rui Vieira de Castro ainda não sabe se a Universidade do Minho vai aceitar a proposta do Governo para a integração dos investigadores precários.
A academia minhota tem mais de uma centena de investigadores nesta situação e a proposta do ministério tutelado por Elvira Fortunato passa pela criação de um programa de contratação de precários para funções de docente ou de investigação, com a comparticipação dos salários a cargo da FCT, durante um período de tempo.
Em entrevista à RUM, Rui Vieira de Castro diz que a instituição minhota vai ter que ponderar a integração destes investigadores, uma vez que terminado o financiamento da FCT a verba terá que ser assegurada pela própria Universidade.
“Nesta reunião que tivemos, foi presente às instituições um cenário que é gerado, sobretudo, pelo facto de em 2024 e 2025 termos cerca de mil investigadores, que estão ao abrigo da chamada norma transitória. Isso significa que nos próximos dois anos o nosso sistema científico, se nada fosse feito, iria perder mil investigadores e uma circunstância dessas teria impactos muito significativos no próprio sistema científico”, começou por explicar o reitor da UMinho.
Segundo o responsável, “a proposta apresentada é a da criação de um programa de contratação de investigadores para funções docentes ou para funções de investigador, com participação por parte do Governo, através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia”.
“As universidades podem beneficiar de uma comparticipação da FCT nos salários durante seis anos no caso dos investigadores e três anos no caso dos docentes, desde que depois se comprometam com a sua integração nos quadros das instituições”, avançou Rui vieira de Castro.
Na UMinho, existe mais de uma centena de investigadores nestas circunstâncias e, explica o reitor, a instituição “vai ter que ponderar muito bem a posição que vai tomar”. “Não podemos esquecer que o financiamento fica circunscrito a um determinado período de tempo e exigirá sempre cofinanciamento por parte da Universidade. Terminado o período em que há esse financiamento por parte da FCT, o financiamento passa a ser integralmente da Universidade”, explicou.
Rui Vieira de Castro prefere analisar o documento para ter “conhecimento detalhado dos vários pormenores que estão associados”. Ainda assim, avança, “sem mais (medidas), a UMinho não terá capacidade para os integrar”.
O reitor alerta ainda para o facto de a academia ter “uma elevada concentração de investigadores em determinadas áreas científicas que depois não correspondem necessariamente àquilo que são as necessidades de docentes”.
“O ponto de vista que as universidades têm vindo a exprimir é o de que as soluções que venham a ser encontradas para este problema não podem ser soluções que causem dano no próprio sistema científico. Se nós tivéssemos uma migração destes mil investigadores para a carreira docente, isso teria impactos enormes na atividade científica”, finalizou Rui Vieira de Castro.
A Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas volta a reunir-se com a ministra do Ensino Superior, esta terça-feira.
