PS e CDU apelam à CMB para recuar no aumento de rendas do Mercado

Os partidos da oposição na Câmara de Braga apelaram a Ricardo Rio para que reconsiderasse o aumento das rendas no renovado mercado municipal, bem como a obrigatoriedade de horário e permanência diária dos comerciantes no espaço.
O tema foi levado à reunião do executivo municipal, esta terça-feira, pelo PS e pela CDU.
“Não pode e não deve ser aplicado este aumento tão significativo das rendas, sobretudo numa fase de grande impacto social e com alguma dificuldade no próprio negócio”, afirmou o socialista Artur Feio, pedindo ao executivo que “reconsiderasse o aumento de rendas, pelo menos no próximo ano, para que os comerciantes, numa primeira fase, consigam estabelecer o seu negócio”.
Também o vereador da CDU criticou este aumento, referindo que em causa “não estão aumentos ligeiros”, já que, “nos talhos há situações em que o custo pode vir a quase duplicar, o que poderá levar alguns a desistirem do negócio no mercado municipal”. Artur Feio vai mais longe e aponta aumentos “130 para 260 e de 240 para 480″, lembrando que agora o consumo de água não está incluído no valor.
Olga Pereira alegou que os preços, numa banca simples, passaram de “10,55€ para 12,76€ e nas padarias passa de 10,55€ para 14,36€”. “Foi garantido que os aumentos seriam ligeiros e estão a ser. Os preços não eram actualizados há muitos anos , sendo que as condições de trabalho eram manifestamente más” referiu a vereadora da Gestão e Conservação de Equipamentos Municipais.
Segundo Olga Pereira, o aumento de rendas será mais significativo nos talhos, porque “há um aumento não apenas da área individual, mas também da área comum a todos eles”. “A única queixa que tenho recebido é dos titulares de talhos duplos, nem sequer recebi nenhum feedback negativo de proprietários de talhos simples”, assegurou.
Permanência diária no Mercado “não pode ser ajustada”
No renovado Mercado Municipal, os comerciantes terão que cumprir diariamente um horário das 7horas às 17horas. Para o vereador do PS, esta medida não faz sentido porque “há alguns negócios que não se coadunam com uma lógica de abertura contínua”.
“Temos conhecimento de desistências várias e parece me que o descontentamento é bastante mais amplo do que o que nos tem sido dito. Trouxe comigo uma carta assinada por 53 comerciantes que se opõe a essa obrigatoriedade de cumprir um horário das 7h as 17h, todos so dias”, afirmou Carlos Almeida.
Para o comunista, “a Câmara deve recuar já nesta obrigatoriedade, sob pena de alguns comerciantes desistirem por não terem condições de trabalhar no novo mercado e, passados alguns meses, serem confrontados com um recuo” da autarquia. “Pelo menos criar uma opção, quem quiser ficar todos os dias pode fazê-lo, quem não tem condições para fazê-lo a Câmara tem que atender”, acrescentou.
Olga Pereira admite “ajustamento” de horários, depois do mercado entrar em funcionamento. “Percebo que em função dos sectores de actividade pode haver diferentes necessidades, que podem ser ajustadas mais à frente, mas a permanência diária já não pode ser ajustada, pode haver funcionamento de manhã, de tarde e intervalos para almoço, mas para fidelizar público temos que ter comerciantes a vender”, justificou.
De 157 comerciantes, 23 desistiram de trabalhar no Mercado Municipal de Braga
Ricardo Rio lembrou que a Câmara não avançou com a requalificação do Mercado para “ter mais do mesmo”. “Não queremos um mercado abandonado, onde se vai duas vezes por semana porque nesses dias há alguma animação adicional. Queremos um mercado que funcione em pleno e contínuo, como acontece nas grandes cidades da Europa e não há nenhum desvirtuar da própria identidade do merado”, frisou.
Olga Pereira adiantou ainda que dos 157 comerciantes, até ao momento, contam-se 23 desistências, mas nenhuma estaá relacionada com o funcionamento do mercado, nomeadamente “falecimentos, emigração, reformas ou mudança para outras áreas, como comerciantes agricultores”.
O renovado Mercado Municipal de Braga deverá entrar em funcionamento no próximo mês.
