“Se for bem conduzida, a rádio pode ser um veículo essencial na transmissão da paz”

“Se for bem conduzida, a rádio pode ser um veículo essencial na transmissão da paz”. Quem o diz é o tenente-general Barbosa, antigo combatente de Braga, que esteve em várias missões das Nações Unidas e da NATO.
Assinala-se esta segunda-feira, 13 de fevereiro, o Dia Mundial da Rádio. Este ano, a UNESCO estabeleceu como tema “Rádio e Paz”.
Embora vivamos, neste momento, uma guerra na Europa, houve outros conflitos armados a marcar a história mundial e do país. É o caso da Guerra Colonial. Além disso, foram vários os militares da região que, ao longo dos anos, foram embarcando em missões de paz, pelo mundo.
A RUM conversou com alguns membros do núcleo de Braga da Liga dos Combatentes, para perceber que importância teve a rádio ao longo das suas carreiras militares.
“A rádio acaba por ser sempre um veículo facilitador”
Para o tenente-coronel Barbosa, que esteve em várias missões da ONU e da Nato, “a rádio acaba por ser sempre um veículo facilitador”. Além do aspeto lúdico, a rádio serve “como meio de comunicação e até meio indiciário, para se iniciar ataques e conflitos”, apontou o ex-militar.
“A verdade em guerra não existe, por isso é que há guerra”, acrescentou o tenente-coronel, explicando que muitas vezes as coisas eram “deturpadas para vender, outras era com objetivo político”.
“A verdade deve ser dita, da forma mais fidedigna possível”
Para o coronel Estudante, a rádio ainda hoje tem “influência sobre toda a população”, porque “em qualquer lado a rádio acompanha-nos”. Nas missões em que esteve e em contexto de conflito, “nem sempre se tem acesso à televisão e a radio é sempre mais fácil aceder”, explicou.
“A verdade deve ser dita, da forma mais fidedigna possível”, acrescentou o coronel Estudante. Ainda assim, reconhece que o exército é um meio fechado e se se quebrar a confiança as fontes deixam de falar, com medo que o seu discurso seja distorcido. Algo que o próprio vivenciou. Os antigos militares reconhecem que o jornalismo é importante nestes contextos, mas ”nem sempre há liberdade para dizer tudo o que pode ser dito”.
“Era a rádio que nos dava convívio”
Alberto Pereira esteve na guerra do Ultramar, onde a rádio era usada como companhia. “A rádio era usada constantemente, sobretudo pelas tropas destacadas no interior de Angola. Era a rádio que nos dava convívio”, lembrou.
O ex-combatente recordou também que, na altura, conhecia apenas uma rádio pirata, que “transmitia algumas noticias contra o sistema”, ao contrário da emissora nacional, que era considerada “mais credível” e que não “transmitia mensagens desagradáveis”.
Alberto Pereira considera que a rádio ainda hoje é um meio influente.
