“Se não houver criatividade, eu não sobrevivo”

Com o surgimento da pandemia, os eventos culturais foram suspensos, cancelados ou adaptados. Assim sendo, com a queda da produção artística, subiu à tona, mais do que nunca, a importância da imaginação. A criatividade durante a pandemia’ esteve em discussão esta quarta-feira no Café-Concerto RUM by Mavy, numa tertúlia incluída no ciclo de conversas ‘A Cultura de Hoje na Região’.

Rui Rodrigues foi um dos participantes. Apesar de alertar para o impacto financeiro que o surto do novo coronavírus trouxe, o músico considera que o confinamento surgiu também como uma “oportunidade”. “Agora só pode haver criatividade. Caso contrário, não há nada. A oportunidade é muito grande”, atira.


Explicando que é necessário ter “imaginação” para trabalhar, o baterista alerta que esta área funciona como uma “espécie de selva”. “Se não criar conteúdo, se não houver criatividade, eu não sobrevivo”.


A pressão sentida por alguns artistas de terem de produzir ainda mais conteúdo em tempos de pandemia foi também abordada pelos artistas. 


O realizador José Oliveira explica que, no seu caso, o processo criativo só começou a ser aflorado quando “não tinha nada de concreto para fazer”, visto que “nos últimos anos já tinha produzido o que, de facto, precisava”. “Foi aí que comecei a criar alguma coisa, em Maio. Comecei a escrever histórias e a fazer uns vídeos musicais”.



“Foi quase como sentir que estive fechada dois meses dentro da minha cabeça”

O confinamento e a suspensão e cancelamento dos eventos presenciais levaram a que os artistas tivessem mais tempo para criar conteúdo da sua autoria. Segundo Arlindo Fagundes, “na maior parte da carreira, é necessário fazer fretes”, ou seja, “a obrigação é fazer o que é pedido e isso passa à frente de tudo”.


Referindo que, por isso, os artistas “passam a vida a desejar ter uma abertazinha para poderem fazer o que realmente querem”, o ilustrador reconhece que, desta vez, “faltou o chicote” e lamenta que não tenha sido “capaz” de fazer alguma coisa para si.

Além dos constrangimentos financeiros, o impacto psicológico também se fez sentir nesta área. Marta Moreira reconhece que foi “muito difícil” lidar com a situação. “Vivo muito do contacto com os outros e de ver a vida acontecer para criar. O facto de estar confiada a casa foi quase como sentir que estive fechada dois meses dentro da minha cabeça”.

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Tiago Barquinha
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Sara Pereira
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