Sector da construção é dos que mais trabalhadores coloca em perigo

O sector da construção continua a desenvolver a sua actividade. Os empresários afirmam que as questões de segurança estão salvaguardados, mas a verdade é que tudo o que é errado começa quando os trabalhadores se concentram nos estaleiros e partem em carrinhas de nove lugares para obras de norte a sul do país.
Sejam obras públicas ou privadas, os trabalhadores deste sector não encontram outra alternativa. Partem para mais um dia de trabalho correndo todos os riscos do primeiro ao último minuto. Numa obra, as distâncias de segurança são praticamente impossíveis de cumprir, o material é carregado e manuseado por várias pessoas ao mesmo tempo, sem luvas de protecção e sem máscaras. Mas, podemos falar de uma obra ou de uma mera serralharia. As acções erradas repetem-se.
Sindicato da Construção avisa que os trabalhadores têm medo, denuncia que há já dezenas de infectados e que este será o sector com mais mortes vítimas da covid-19
O sindicato da construção já veio a terreiro denunciar o problema e alerta que milhares de trabalhadores estão em perigo, acreditando que será o sector com mais vítimas da covid-19 se nada mudar. Ouvido pela RUM, Albano Ribeiro, presidente do Sindicato da Construção de Portugal deixa uma garantia: “Já morreram construtores da construção Civil. Há dezenas de trabalhadores infectados e poderá ser o sector onde podem morrer mais trabalhadores”.
SINDICATO AVISA: NENHUMA OBRA PODE FUNCIONAR SEM EXAMES REGULARES AOS TRABALHADORES
Albano Ribeiro deixa o aviso ao Governo que acusa de “não ter respeito pelos trabalhadores da construção”. As empresas “devem ser obrigadas a realizar testes, duas vezes por semana, aos seus trabalhadores”. Se não o podem fazer, “então os trabalhadores não podem sair para a rua”, avisa. “Nenhuma obra pode funcionar em Portugal sem haver exames aos trabalhadores”, sublinha o sindicalista. “É bom que não aconteça, mas se calhar vai ser no sector da construção que vamos registar mais vítimas”, lamenta.
Além disso, o presidente do Sindicato da Construção em Portugal lembra que “nem máscaras nem luvas estão à disposição dos trabalhadores. Podem haver empresários a cumprir, mas são poucos”, admite.
O transporte diário dos trabalhadores é outra preocupação. “Os trabalhadores andam em que carrinhas de nove lugares. Não pode acontecer”, reclama.
Albano Ribeiro assume não conhecer muitas situações em que as empresas procurem estabeler verdadeiros planos de segurança, mas dá um exemplo “positivo”, o da Mota Engil que “colocou em casa os trabalhadores a partir dos sessenta anos”. É um dos exemplos positivos referidos pelo Sindicato.
O presidente do Sindicato disse ainda à RUM que dezenas de pequenas empresas de construção civil já estão a alertar os seus trabalhadores que irão encerrar definitivamente, lançando centenas para o desemprego.
Obra do Mercado Municipal de Braga é um dos exemplos
Em Braga, o Mercado Municipal de Braga é um dos exemplos de uma obra pública que não parou e que vai continuar, ao que a RUM conseguiu apurar. A inauguração estava agendada para a semana do São João, mas é certo que entretanto a autarquia anunciou o encerramento de todos os actos públicos até finais de Junho.
As empresas que ali trabalham garantem ao município de Braga que estão a salvaguardar a segurança dos trabalhadores. Ainda assim, a RUM sabe que os referidos trabalhadores chegam diariamente em viaturas de nove lugares e no interior da obra, muitas das vezes, não conseguem manter a distância de segurança recomendada pela Direcção Geral de Saúde.
