“Só existem vantagens na criação da Área Metropolitana do Minho” 

O docente da Escola de Economia, Gestão e Ciência Política da Universidade do Minho, Miguel Ângelo Rodrigues, considera que “só existem vantagens na criação da Área Metropolitana” que junte os distritos de Braga e Viana do Castelo.

Em entrevista à RUM, o professor de Ciência Política acredita que, com a criação destas áreas, “a economia acaba por florescer e por ter um dinamismo, que vai ultrapassar completamente as barreiras que são puramente artificiais e políticas”. “Os fatores produtivos têm que se movimentar dentro de uma área para permitir o desenvolvimento económico e para que haja esta harmonia entre os diferentes concelhos”, acrescentou.

O presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, é o único do quadrilátero urbano que se opõe à criação de uma área metropolitana. Na altura em que comentou publicamente a sua posição, numa das últimas reuniões de câmara, lembrou que aquando da decisão de Braga ser capital de distrito “passou a monopolizar a atenção e o investimento do Estado central”, temendo que Guimarães volte a perder terreno. Já o professor da EEG lembra como a região se pode tornar competitiva, por exemplo, “através da candidatura a fundos estruturais para esta dimensão da região”.

“Sendo o tecido industrial em Guimarães muito forte e muito bem localizado, vai permitir o enriquecimento daquelas empresas, porque vai ter um mercado diferente, facilidade de transporte e de interação, que é bastante diferente”, apontou o docente.

Admitindo que haja investimento direto da administração central em cidades como Braga ou Viana do Castelo, Miguel Ângelo Rodrigues defende que “a criação desta unidade vai favorecer indiretamente e vai permitir crescimento económico”. “Acho que há muito mais crédito para o crescimento, do que o receio de uma concentração excessiva de investimento direto”, frisou.

“Metro de superfície  vai atravessar estes diferentes territórios”

O docente aponta ainda a área dos transportes como exemplo. “Quando falamos da ligação entre estas diferentes cidades, nós não estamos a falar do investimento direto geograficamente localizado. O metro de superfície é uma infraestrutura vai atravessar estes diferentes territórios”, afirmou o professor, considerando que não há viabilidade

para um metro de superficie no quadrilátero se for pensado numa lógica concelhia.

O especialista considera ainda que não se pode “pensar um território com este fluxo diário, onde se tem que articular as vontades de diferentes entidades administrativas”, sem que se crie “uma estrutura supramunicipal, para gerir e planear o território de uma maneira muito mais adequada” e que impulsione o crescimento.

“A Área Metropolitana do Minho pode estar ao mesmo nível daquilo que o Porto fez com os seus transportes públicos. Temos visto a expansão da Metro do Porto, que recebe cada vez mais territórios, e foi esta a solução, ou seja, não houve a necessidade de reinventar algo novo. Nós só temos mesmo que ver aquilo que está a funcionar e replicar”, finalizou.

Área metropolitana “é uma alternativa, mas não substitui a regionalização”


O investigador na área da Ciência Política acredita que a regionalização não poderá avançar sem uma alteração constitucional. A propósito da possível criação da Área Metropolitana do Minho, a CDU veio, mais uma vez, reforçar a necessidade da regionalização. “São coisas distintas”, apontou o docente, que considera que “muito dificilmente conseguiríamos ter a concretização da regionalização, com a Constituição que temos”.

Para Miguel Ângelo Rodrigues, a regionalização implica “uma organização administrativa no território”, já as “áreas metropolitanas podem ser um mecanismo alternativo, onde os municípios, à sua velocidade e à sua vontade, podem vir a crescer de uma maneira supramunicipal e pensar o território naquilo que é a gestão de pessoas, de mobilidade, d a sustentabilidade, de todos os temas que precisam de escala”. Essa escala, acredita, permitira “gerir de uma maneira mais eficiente”. Por isso, a área metropolitana “é uma alternativa, uma forma diferente de dar voz às forças regionais”. No entanto, “não substitui a regionalização, que é uma forma muito mais profunda de todas as competências e toda a organização da Administração Pública Portuguesa”.

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Liliana Oliveira
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Carolina Damas
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