Subida do R(t) não deve gerar, para já, preocupação, diz infecciologista Alexandre Carvalho

A subida crescente do índice de transmissiblidade da Covid-19, o conhecido R(t), em Portugal não deve motivar, para já, grande preocupação. Quem o diz é o infecciologista Alexandre Carvalho.
Questionado pela RUM, o também professor na Universidade do Minho analisou a subida do índice de transmissão da Covid-19 no território nacional, que está agora no 1,01, valor que deixa Portugal fora do “quadrado verde” definido pelo Governo como área de segurança.
Apesar da subida, o especialista considera que o indicador, isolado de outros como a incidência de casos por 100 mil habitantes, ganha menor força.
“Não é só o R(t) que interessa, ele varia muito conforme a incidência: se a incidência for menor, o R(t) será maior”, explica, exemplificando que se o índice de contágio estiver no 2 com 100 casos isso signfica um contágio máximo de mais 200 pessoas e se houver 10 mil casos com um R(t) de 0,5 isso traduz-se em mais 5 mil infeções.
Recordando que os indicadores do Governo para o plano de desconfinamento são a incidência do número de novos casos, a taxa de transmissibilidade e o número de internamentos, Alexandre Carvalho defende que a prioridade atual tem de passar por eliminar as cadeias de contágio.
“O interesse é não deixar que as cadeias de transmissão progridam até a um ponto de descontrolo, como aconteceu no inverno. É preciso aproveitar agora, quando há poucos casos, para se fazer testagem intensiva à volta dos casos, apanhar os contactos, e eliminar a transmissão”, esclarece.
A próxima data do plano de desconfinamento no país é 19 de abril mas ainda não é certo que os indicadores se mantenham estáveis até lá e o médico infecciologista admite que a decisão do Governo será “díficil”.
“Depende muito dos dados, que nos chegam muitas vezes com semanas de atraso, mas há sempre pressões em vários sentidos: nós, na saúde, somos acusados de sermos ditadores sanitários e na economia é o contrário”, refere.
