Trabalhadores da Randstad Braga em greve para exigir salários justos

Cerca de duas dezenas de trabalhadores estavam esta manhã de segunda-feira concentrados à porta da empresa Ranstad, localizada em Ferreiros, para exigir melhores salários e manifestar o descontentamento perante responsáveis da Vodafone, empresa para a qual prestam serviço de call-center, via Randstad.
A greve desta segunda-feira é convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual. Os trabalhadores pedem aumento do salário e do valor do subsidio de refeição e o fim dos contratos a prazo.
A grande maioria dos trabalhadores, cerca de 500, recebe apenas o salário mínimo, algo que consideram “injusto” já que prestam um trabalho que dizem ser “qualificado” e exigente do ponto de vista intelectual. Muitos dos colaboradores têm qualificação superior, mas nem a capacidade de prestar serviço noutra língua que não o português está a ser paga cumprindo de forma escrupulosa as regras.
Em declarações à RUM, Simão Vilaverde, delegado sindical, explica que este é um dos vários dias de greve convocadas pelo sindicato “para mostrar o descontentamento”. Com um caderno reivindicativo elaboradodesde outubro, exigem “aumentos salariais, estabilidade no trabalho”. O call-center está também em funcionamento ao fim-de-semana. Para o sindicalista “as regras não são cumpridas na sua plenitude”.
Parar, admite, é sempre “o protesto mais eficaz”, apesar de reconhecer que com salários mínimos, nem todos os trabalhadores podem aderir à greve porque um dia de greve é um dia sem salário. Neste universo de colaboradores, vários têm “curso superior” com capacidade também para falar mais que uma língua, mas não são aspetos compensados. Simão Vilaverde refere que de há uns meses a esta parte é pago “um euro por cada chamada”, o que não é a mesma coisa, daí que permaneça no caderno reivindicativo o subsídio de língua.
Os trabalhadores aproveitaram a visita de trabalho de vários responsáveis da Vodafone para tornar o protesto mais efetivo, formando um cordão à entrada ao mesmo que tempo que se escutava uma música de intervenção associada à valorização salarial.
“Quando é para pedir trabalho extraordinário há sempre dinheiro” – Marisa Machado
Há oito anos a trabalhar na Randstad, Marisa Machado, de 40 anos admite que apesar de a equipa fazer “um trabalho altamente qualificado, recebe o salário mínimo nacional”. Diz que “não é proporcional às funções e responsabilidades” e é mais um aspeto de descontentamento. “Não é correto. Há sempre dinheiro para prémios em trabalho extraordinário, mas para aumentar salários nunca há dinheiro”. “Quando é para fazer trabalho extraordinário estamos a falar até 170 euros por dia. Compensa mais trabalhador fora do horário de trabalho que propriamente no trabalho. Para isso há dinheiro, para o resto não há”, denuncia.
O protesto contou ainda com a presença de elementos afetos ao PCP, nomeadamente João Batista, o candidato da CDU à Câmara Municipal de Braga. Falou com os trabalhadores e manifestou-lhes solidariedade pela ação de luta. À RUM disse também que não é a primeira vez que se associa a estas ações reivindicativas dos trabalhadores do concelho, recordando que em outubro já tinha participado numa greve realizada também pelos trabalhadores da Ranstad.
