UE precisa de desenvolver uma mensagem clara para reduzir a duração da pandemia

32 cientistas de 17 países europeus consideram que está a faltar uma estratégia comum para que a União Europeia consiga reduzir a duração da pandemia de covid-19. Helena Machado, presidente do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, foi uma das especialistas, desta feita da área das ciências sociais, que assinou o estudo que foi publicado na revista “The Lancet Regional Health Europe”.
À RUM, a docente defende a necessidade dos 27 chegarem a uma “mensagem clara” que deve ser proferida, em cada um dos países, por uma só voz política e uma voz científica. As viagens internacionais são o grande exemplo da descoordenação existente, visto que a estratégia tem sido “individual” e “pouco coesa”. “O certificado de vacinação não tem efeito enquanto os ritmos de inoculação não forem homogéneos. Sem uma estratégia conjunta para colocar limitações internacionais será impossível controlar plenamente e com eficácia a evolução do vírus2, sustenta.
Helena Machado explica que as ciências sociais têm um papel premente no que toca ao auxílio na estratégia relacionada com aspetos culturais e sociais, nomeadamente, “saber lidar com a fadiga” resultante das medidas restritivas, “adesão ou não de medidas de proteção individual ou coletivas” e, também, com hesitações relacionadas com o processo de vacinação.
Os investigadores reprovam também o desconfinamento precoce, até porque no outono aumenta a incidência sazonal de casos covid-19 e o nível de vacinação pode não ser suficiente.
Aos microfones da RUM, a presidente do ICS atribui uma avaliação positiva ao esforço da Organização Mundial de Saúde, no que diz respeito à simplificação da mensagem para todas as faixas etárias através, por exemplo, de vídeos. Mensagens que têm sido transmitidas, na ótica da docente, de forma “clara”. O problema, para Helena Machado, recai sobre os Governos que têm agido de acordo com “o posicionamento de diferentes grupos, o que torna as coisas confusas”.
Para os autores do artigo, a Europa “arrisca-se” a repetir 2020, em particular no inverno, com uma nova vaga e confinamento. A equipa científica defende uma maior preocupação com a saúde mental, com a deteção precoce de cancro e união de esforços para um processo de vacinação mais universal e massificado.
