UMinho integra estudo mundial sobre efeitos da Covid-19

A Universidade do Minho (UMinho) é uma das orgnizações portuguesas, em conjunto com o Centro Hospitalar de Lisboa, a participar num dos maiores estudos de avaliação do impacto da Covid-19 na saúde da população mundial. O “Collaborative Outcomes study on Health and Functioning during Infection Times” (COH-FIT) é liderado por dois investigadores: Christoph Correll, professor na Escola de Medicina de Zucker (EUA) e na Charité – Universitätsmedizin (Alemanha), e Marco Solmi, professor na Universidade de Pádua (Itália) e no King’s College (Reino Unido).
O trabalho pretende identificar os efeitos e os factores que influenciam o impacto do novo coronavírus no bem-estar físico e psicológico da população. Pedro Morgado, da Escola de Medicina da UMinho é o responsável português pela investigação, que conta com 200 investigadores de 70 países. No ICVS – Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde – a equipa é constituída por seis profissionais das áreas da psicologia e psiquiatria.
Segundo o investigador, o estudo é feito através de um inquérito online que irá caracterizar o nível socioeconómico do cidadão, assim como o seu estado familiar e laboral. Para além disso, será necessário conhecer o seu estado psicológico actual e o participante será inquirido sobre a forma como está a lidar com esta pandemia. Todos os dados disponibilizados são confidenciais. Os participantes devem ter, obrigatoriamente, mais de 18 anos. “Só podem participar cidadãos dos 70 países que estão envolvidos na investigação, sendo que emigrantes portugueses podem contribuir com o seu testemunho”, frisa.
São esperados cerca de 2 mil participantes, de modo a ter uma amostra representativa da população portuguesa.
Durante o estudo, o objectivo passará por abordar três momentos. “Queremos perceber como a pessoa está actualmente, daqui a seis meses e, por último, daqui a 12 meses qual é a sua condição”, explica. No fundo trata-se de entender a forma como as populações têm reagido ao surto pandémico do novo coronavírus a longo prazo.
Pedro Morgado sublinha que outra das metas deste estudo mundial passa por analisar os efeitos das políticas implementadas em cada país na saúde das populações. Isto porque cada país foi afectado pela Covid-19 de forma distinta e as suas respostas também variaram.
Para o investigador do ICVS a participação neste estudo é mais um “reconhecimento do valor a nível internacional do bom trabalho da UMinho no combate à pandemia”.
Esta semana serão lançados os resultados do projecto “Impacto da pandemia na saúde mental dos portugueses”.
Actualmente, a equipa já conseguiu identificar os grupos mais vulneráveis a desenvolver problemas mentais. Na sua maioria tratam-se de “cidadãos do sexo feminino, sem espaços verdes nas suas casas, pessoas que consomem mais horas de informação sobre a Covid-19, praticam menos exercício físico e que perderam o trabalho devido à pandemia”. Estes são dados referentes às primeiras semanas de confinamento em Portugal.
Os últimos resultados obtidos serão anunciados durante esta semana.
*Escrito por Vanessa Batista
