UMinho cria transportador eficaz e sem toxicidade para atenuar Alzheimer

Investigadores da Universidade do Minho (UMinho) descobriram um método mais eficaz e sem toxicidade que consegue transportar fármacos para o cérebro, de modo a atenuar a progressão e sintomas do Alzheimer.

A investigação, que tem vindo a ser desenvolvida nos últimos cinco anos pelo CBMA, CEB, ICVS e conta com a consultoria do INL, foi esta semana capa da conceituada revista “Journal of Controlled Released”. A inovação ‘100% made in UMinho’, já foi patenteada a nível nacional.

A RUM conversou com a coautora do estudo, professora e investigadora do Departamento de Biologia da Escola de Ciências da UMinho, Andreia Gomes, que explica como funciona este transportador que inclui moléculas modelo de açafrão da terra. “Este sistema consiste num transportador que nos permite fazer a entrega de moléculas que nós já sabemos que podem ter um efeito muito positivo nos pacientes com esta patologia, mas, por alguma razão, não são tão eficazes ou não chegam ao local específico ou acabam por chegar em quantidades insuficientes. Este sistema de entrega é inspirado em composições que as nossas próprias células produzem, sendo assim possível reduzir a sua toxicidade”, revela a especialista.

Este transportador consegue levar componentes num tamanho adequado, de modo a atravessarem a barreira que protege o cérebro de substâncias nefastas no sangue que usualmente impede a passagem de 98% dos medicamentos.

Os testes realizados até ao momento foram feitos num modelo de peixe-zebra sem registar qualquer efeito secundário. Com esta inovação, a equipa acredita ser possível desacelerar a progressão e aliviar os sintomas da doença de Alzheimer. A intenção da equipa passa, de acordo com Andreia Gomes, por avançar com os ensaios em modelos de doença em animais, de modo a aproximar a terapia, o mais possível, do alvo terapêutico.

Estes testes pretendem garantir que a “formulação é estável, reproduzível e consegue encapsular uma série de moléculas diferentes, como o açafrão-da-terra, e outros fármacos”, nota.

Trata-se da fase mais dispendiosa do projeto. Andreia Gomes acredita que a publicação na revista Journal of Controlled Released pode ajudar a construir parcerias com instituições internacionais e não esconde a ambição de ver um produto 100% made in UMinho chegar ao mercado nos próximos anos.

Em suma, a investigadora alerta que estes resultados, com a utilização do açafrão-da-terra, não são atingíveis através de uma ingestão massificada desta especiaria. “O açafrão tem um efeito muito interessante. Pode ajudar a reduzir o efeito dos danos oxidativos nos neurónios”, mas sem o transportador criado pela equipa da academia minhota, para além de não alcançar o local correto do cérebro, as doses não são as indicadas. 

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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