UMinho desenvolve géis injetáveis localizados com nanopartículas de ouro

Até 2040, a Organização Mundial de Saúde estima que, um sexto das mortes, sejam causadas por cancro. O Centro de Física da Universidade do Minho está, neste momento, a desenvolver géis injetáveis com nanopartículas de ouro que têm obtido resultados promissores em neuroblastomas e no cancro dos rins. 

O projeto está a ser trabalhado em parceria com o Instituto de Polímeros e Compósitos, a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e o CINBIO da Universidade de Vigo.


Sérgio Veloso, investigador e aluno de doutoramento em física, adianta que apesar dos esforços no sentido de melhorar as taxas de sobrevivência por meio da quimioterapia convencional, o sucesso tem sido limitado principalmente em pacientes em que a doença não se encontra em estádios iniciais.

Deste modo, a equipa está a desenvolver géis injetáveis que irão permitir uma terapia localizada e sem efeitos secundários, visto que um dos grandes problemas atuais está relacionado com o facto de fármacos antitumorais apresentarem pouca “especificidade para os tecidos neoplásticos e fraca seletividade de ação”. As doses elevadas administradas são outro ponto negativo apontado pelo investigador da UMinho.

“Há diferentes parâmetros estruturais das moléculas que podem levar a efeitos indesejáveis, tais como a possibilidade de toxicidade local ou embolização dos vasos sanguíneos devido à agregação. Assim, todos estes problemas levam a uma pior qualidade de vida do paciente e a um elevado custo terapêutico, tornando-se pouco acessível a países de baixo rendimento”, explica.

A terapia que estão a trabalhar aposta em lipossomas, que irão funcionar como cápsulas, que irão “incapsular o fármaco pretendido”, sendo que este só será libertado na presença de um estímulo, o aumento de temperatura. É aqui que entram as nanopartículas de ouro.

“Quando são irradiadas na gama de um infravermelho elas induzem um aquecimento local, esse aumento permite uma resposta das cápsulas (lipossomas) levando à libertação sequencial do fármaco”, este novo processo, segundo o investigador, permite um maior controlo, segurança e eficácia quando intercalado com terapias adjuvantes.

A terapia está a ser testada em modelos tridimensionais. O próximo passo são os estudos pré-clínicos.

Questionado sobre se a utilização de ouro pode comprometer a viabilidade económica do projeto, Sérgio Veloso defende que não, uma vez que a quantidade utilizada é “ínfima”. O investigador frisa que os materiais a utilizar ainda está a em fase de análise, ou seja, poderá ser encontrada uma nova solução “biocompatível e fácil trabalhar”.

Para o futuro, os desafios passam “resolver questões relacionadas com o controlo de propriedades mecânicas dos géis, um dos aspetos mais difíceis, e perceber se o mesmo consegue ser eliminado”, sem provocar efeitos adversos. 

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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