PIEP quer retirar mais de 2 toneladas de lixo do fundo do mar

Retirar mais de duas toneladas do fundo do mar, ao largo de Peniche, é o grande objetivo do projeto ´SeaRubbish2Cap” financiado pela União Europeia nos próximos dois anos. O trabalho está a ser desenvolvido pelo PIEP – Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros – e por quatro empresas que estão comprometidas em melhorar a sustentabilidade do planeta, são elas: Neutroplast, JustDive e Bitcliq.
Recentemente, o trabalho foi galardoado com o Prémio Inova+ Excelência Empresarial em Sustentabilidade de Recursos Naturais e Ecossistemas.
Em entrevista ao UMinho I&D, o coordenador da investigação, Renato Reis, adianta que já foram recolhidos e tratados mais de 500 quilos de resíduos sobretudo plásticos descartáveis, artefactos de pesca e alguns materiais metálicos.
Nesta primeira fase do projeto, a Blitcliq está a otimizar uma aplicação móvel que é utilizada por pescadores. A ideia é simples, através de geolocalização os utilizadores podem identificar na app o local exato onde perderam artefactos de pesca ou identificam a presença de lixo. Segue-se o agendamento de um mergulho pela JustDive que é responsável por retirar os resíduos sem danificar a vida marinha.
Todos os materiais recolhidos são enviados para o PIEP onde é feita a identificação e seleção dos mesmos para que seja possível ajustar a composição dos materiais, de modo a potenciar as suas propriedades e assim possam ser reutilizados. No final, a Neutroplast irá testar os materiais com o intuito de criar embalagens de medicamentos, sendo que não irão entrar em contacto com os fármacos.
A longo prazo, o objetivo é tornar esta aplicação universal para facilitar a identificação e recolha de lixo do fundo do mar e alargar este conceito quer a outras escolas de mergulho quer a outros países.
Uma vez que a mistura de plásticos acaba por dificultar a reciclagem dos materiais, o PIEP, graças aos seus 20 anos de experiência, está a trabalhar no sentido de aumentar e introduzir a maior variedade de polímeros para que no final estes sejam compatíveis e tenham um “comportamento único”.
Questionado sobre o aparecimento de microplásticos no sangue e leite materno, Renato Reis traz para discussão a falta de reaproveitamento durante vários anos do plástico e descuido em relação a este material muito devido ao seu valor acessível. “Depois de tantos anos de descuidos diria que é uma consequência normal aparecerem como microplásticos no mar e no nosso sistema”, refere.
