Projeto europeu liderado pela UMinho quer reduzir 50% dos químicos na viticultura

Desenvolver e implementar soluções mais sustentáveis para a viticultura. Este é o objetivo do projeto europeu VINNY, coordenado pela Universidade do Minho (UMinho), que pretende criar nanobiopesticidas e nanobiofertilizantes. A reunião inaugural do grupo, que junta 19 parceiros de dez países, foi realizada no final de julho.
A proposta do trabalho passa por conseguir passar da viticultura intensiva para a sustentável à escala global e, simultaneamente, cortar em 50% os agroquímicos no setor.
O grupo de trabalho liderado por Margarida Fernandes, do Centro de Sistemas Microelectromecânicos (CMEMS), da Escola de Engenharia da UMinho, pretende criar substâncias que vão ser encapsuladas para que sejam “libertadas de uma forma mais eficaz, respondendo a estímulos, utilizando, assim, menos bioativos”, refere a investigadora aos microfones da RUM.
Margarida Fernandes relata ainda que a ideia é “abarcar todo o ciclo do processo da viticultura, através da extração e da elaboração de novos nanobiofertilizantes”. O estudo utilizará microbiomas de vinhas de Portugal, Espanha, Áustria e Dinamarca, que foram escolhidos por serem grandes produtores de vinho e por questões geográficas. A investigadora destaca que os bioativos encontrados nestes locais e “os compostos químicos que são produzidos pela própria vinha” permitem obter “cocktails potentes e sustentáveis, que vão atuar sobre os agentes patogénicos mais problemáticos da vinha”.
O trabalho estabelece também uma ‘Rede Europeia das Vinhas’ constituída por três Living Labs (laboratórios vivos) e uma Lighthouse (sede) que busca disseminar práticas sustentáveis “que envolvem agricultores e enólogos, para permitir novas condições sustentáveis para fazer a viticultura”. “Daí o consórcio ser tão grande, porque precisamos de muita gente com vários conhecimentos e várias áreas de atuação, desde a ciência básica, digamos assim, mais fundamental, até à aplicação”, explica.
UMinho lidera grupo que totaliza cinco universidades, onze empresas e três associações
Segundo a investigadora, nesta primeira fase, não ambicionam “um TRL (método utilizado para avaliar maturidade tecnológica) muito alto”, o que quer dizer que pretendem criar, primeiro, um ambiente robusto de teste nos campos experimentais. No final do processo, esperam criar um produto sustentável e simples que possa ser utilizado por “grandes produtores e avançar para um biospecífico mais sustentável e mais amigo do ambiente”.
Durante este trabalho, a Universidade do Minho será “a voz de todos os parceiros” do projeto que conta com 8,3 milhões de euros de financiamento do Horizonte Europa para os próximos quatro anos. Verba essencial caso contrário, Margarida Fernandes não tem dúvidas que este trabalho não seria possível.
*Escrito por Marcelo Hermsdorf e editado por Vanessa Batista
