UMinho lidera revolução na publicação científica com o projeto Notify

A Universidade do Minho está a liderar uma transformação na forma como o conhecimento científico é publicado e revisto, com o projeto Notify, que aposta num sistema mais ágil, aberto e colaborativo.

O Notify criou um protocolo de comunicação automática entre repositórios e serviços de revisão por pares, eliminando negociações individuais e facilitando a partilha de informação científica. “Queremos construir um ecossistema interoperável, onde cada serviço que implemente o Notify possa comunicar imediatamente com os restantes”, explicou Eloy Rodrigues, diretor dos Serviços de Documentação e Bibliotecas da UMinho e um dos principais rostos do projeto.

Publicar primeiro, rever depois: um novo modelo para a ciência


O novo modelo em que se insere o Notify — Publicar, Rever e Cuidar (“Publish, Review, Curate”) — propõe que os artigos sejam primeiro disponibilizados em repositórios e só depois sujeitos a revisão por pares. Esta prática acelera a partilha do conhecimento, promove uma maior transparência no processo de revisão e combate o desperdício de trabalho científico, respondendo a problemas antigos como os atrasos de publicação e o aumento das práticas de revisão pouco rigorosa.

Eloy Rodrigues destacou também que este modelo de “revistas overlay” – em que as revistas validam artigos já depositados nos repositórios – distribui melhor os custos da comunicação científica e reforça a sustentabilidade do sistema. “Confiar a preservação da produção científica às universidades é uma aposta segura: são instituições centenárias, ao contrário de muitas editoras comerciais”, sublinhou.

Financiado pelo Arcadia Fund, o protocolo Notify já está a ser implementado nos principais softwares de repositórios e serviços de revisão, como o DSpace, o Zenodo e o PCI (Peer Community In).


Além do Notify, Eloy Rodrigues falou ainda sobre o percurso da UMinho como referência internacional em ciência aberta, com colaborações em projetos em países como Brasil, Cabo Verde e Moçambique. Para o investigador, o futuro passa inevitavelmente por uma ciência 100% aberta: “A pandemia mostrou-nos que práticas de ciência aberta salvam vidas. Esse deve ser o caminho para todos os grandes desafios que enfrentamos enquanto sociedade”.

O investigador defendeu ainda que “o caminho para a ciência aberta é irreversível”, apesar dos desafios políticos e tecnológicos. “A ciência aberta é a forma correta de fazer ciência. Na pandemia, vimos que práticas abertas salvaram vidas. É isso que devemos repetir para os grandes desafios globais, como o cancro ou as alterações climáticas”, frisou.


A entrevista completa de Eloy Rodrigues ao programa ‘UMinho I&D’ pode ser escutada em podcast aqui.

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Ariana Azevedo
Ariana Azevedo

Jornalista na RUM

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