UMinho. Número de estudantes Erasmus cai para metade

Caiu para cerca de metade o número de estudantes da UMinho que no presente ano letivo realizou Erasmus. Antes da pandemia da covid-19, a instituição de ensino superior minhota registava um aumento consistente, mas no ano letivo atual, muitos estudantes que estavam inscritos optaram por ficar em terras lusas e não arriscar. A quebra foi igualmente sentida no caso de alunos estrangeiros que procuravam a UMinho para uma experiência letiva fora do seu país de origem. De uma média de quinhentos estudantes, a instituição recebeu, no presente ano letivo, menos de metade.
Carla Martins, pró-reitora para a Internacionalização da Universidade do Minho, participou na emissão especial da RUM dedicada ao Dia da Europa, onde apresentou os mais recentes dados da instituição referentes ao programa Erasmus+.
Num balanço do ano letivo 2019/2020, a instituição “não sentiu muito a quebra”, uma vez que a pandemia chegou no segundo semestre, quando os estudantes já estavam fora do país, ainda que tenham acontecido “alguns casos de desistência e de regresso antes do tempo”, explicou.
A UMinho envia anualmente cerca de 400 estudantes para outras instituições de ensino superior da Europa e recebe cerca de 500. Este ano, a quebra foi de “50%”, com menos de duzentos alunos a arriscarem uma experiência Erasmus em plena pandemia. Carla Martins recordou o acompanhamento realizado pelo serviço de apoio à internacionalização. A equipa que gere as mobilidades Erasmus começou por solicitar a cada aluno que conhecesse os respetivos métodos nas instituições para onde pretendiam viajar. A pró-reitora assinalou o trabalho de acompanhamento “mais próximo de cada aluno”, salvaguardando sempre a sua decisão pessoal.
No início da pandemia, os estudantes mais afetados estavam em Itália o que exigiu um contacto mais próximo para assegurar todas as condições àqueles alunos. Todos os processos foram mediados pela instituição, inclusivamente as situações particulares de estudantes que estavam na UMinho e queriam regressar aos seus países de origem, mas que foram impedidos, numa primeira fase, de o fazer.
No que respeita a alunos de outros países que escolheram a UMinho para estudar, a quebra do presente ano letivo é “significativa”, com cerca de 220 alunos. “À medida que o primeiro semestre se ia aproximando, todos os dias recebíamos desistências”, recorda. No entanto, na opinião de Carla Martins, a quebra de 50% “é um panorama ótimo para as circunstâncias que estamos a viver”.
“Estas pessoas tiveram a coragem de sair do seu país, ir para outra instituição estudar e levar para a frente o seu sonho de fazer um período de mobilidade. Isso transmite também uma mensagem de esperança e de força destes estudantes”, elogia.
A responsável considera que a tendência de subida vai continuar assim que tudo regresse ao normal. “Nós tínhamos essa tendência de subida” e, por essa razão, acredita que “os números vão voltar ao que seria de esperar”.
Nesta entrada no novo quadro do programa Erasmus [2021-2027] “há muitas novidades nas mobilidades e nos projetos de cooperação interinstitucional”. O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior já anunciou o objetivo de triplicar o número de estudantes de mobilidade até 2027. Carla Martins assume que cada universidade terá de fazer o seu papel para atingir aquele que considera ser “um bom desafio”.
Joana Bragança partiu à aventura para Barcelona em plena pandemia. André Brito também cumpriu o sonho de fazer Erasmus na República Checa.
Joana Bragança, aluna do terceiro ano em Ciências da Comunicação na Universidade do Minho viveu, entre setembro de 2020 e fevereiro de 2021, em Barcelona. À RUM, a jovem de 22 anos reconheceu que a decisão foi “muito ponderada” mas tudo correu dentro das expetativas. Ao longo dos seis meses esteve sempre num regime “misto”. Diz que conseguiu “passear e visitar” sobretudo a cidade de Barcelona e que a experiência lhe permitiu conhecer estudantes de diferentes nacionalidades e culturas. “Foi muito enriquecedor. Saí da minha zona de conforto, esforcei-me e tentei sempre falar espanhol, optei por fazer os exames em espanhol e não em inglês. Saí de lá com mais conhecimento”, confessa. Para quem equaciona partir à aventura, Joana Bragança, natural de Penafiel, não tem dúvidas de que todos os cursos deviam promover esta oportunidade para os seus alunos.
Uma experiência positiva partilhada por André Brito que viajou até à República Checa. O estudante de mestrado integrado em Engenharia e Gestão Industrial afirma que depois de passar pela experiência só lamenta não poder prolongar o seu Erasmus. “É único, toda a gente devia experimentar. É uma oportunidade que nunca mais voltamos a ter”, atira.
Diz que todas as condições estavam asseguradas. A experiência Erasmus foi passada numa casa com colegas de curso e outros estudantes internacionais. A experiência “foi diferente”, mas com a convivência possível e adaptada àquele núcleo. “Não foi como queríamos, estava tudo fechado e não havia muitos estudantes erasmus de outros países”, explica. Apesar disso fez algumas viagens até Viena, Praga e Polónia.
“Arrisquem. Não podemos ficar em casa e ver esta oportunidade a passar ao lado. Para mim fazer Erasmus devia ser quase obrigatório”, aconselha.
