UMinho “precisa de evoluir em estruturas de suporte ao trabalho”

Teresa Ruão é, hoje, pró-reitora para a Comunicação Institucional da Universidade do Minho, mas o seu percurso na instituição começou há quase 30 anos, como estudante de Relações internacionais e, depois, como professora e investigadora, na área das Ciências da Comunicação.
O seu doutoramento foi dedicado à comunicação na Universidade do Minho desde a fundação até 2007.
“Os fundadores foram pessoas muito especiais, que vieram de Angola, de Moçambique, mas eram homens e mulheres muito experimentados e viajados, que sonharam uma Universidade do Minho muito moderna, aberta, participativa e democrática, algo que era difícil nos anos 70”, explicou.
Os “cursos à la carte” como eram descritos nos documentos oficiais são hoje impensáveis de se conseguir, ou seja, não é possível “cada pessoa escolher o seu próprio percurso e as disciplinas para construir a sua formação”.
“Sonharam com um modelo matricial de organização, que era absolutamente inovador à época em Portugal, não só no domínio institucional, mas também noutros”, acrescentou Teresa Ruão.
A pró-reitora enaltece ainda o facto de terem ido “buscar exemplos a países nórdicos e aos Estados Unidos e criarem uma Universidade com base nesse conjunto de sonhos para o ensino, para uma investigação de ponta e para uma característica que marca a Universidade do Minho, que é a forte ligação ao território”.
A professora não tem dúvidas de que “a Universidade do Minho de hoje é um pouco daquele sonho à época, mas também é construída de outros sonhos que surgiram depois”. “Quando olho para o sonho da fundação, ele tem muitos aspetos que eu hoje considero utópicos e, portanto, essas limitações da realidade, das questões dos financiamentos ou da regulamentação fizeram com que nem todos os sonhos fossem, de facto, cumpridos, mas acho que marcam a identidade da Universidade do Minho até hoje”, disse ainda.
Carlos Lloyd Braga, o primeiro reitor a sonhar com a UMinho, diz Teresa Ruão, “estaria hoje muito feliz, porque perceberia que o sonho sonhado por ele não se concretizou, mas ele teria a Universidade que pensou, que é uma Universidade sustentada num ensino de qualidade e em investigação, é a Universidade completa que ele sonhou”.
A UMinho é hoje “uma Universidade que se afirmou a nível nacional e que concorre com as melhores Universidades, que se consegue impor a nível internacional em muitas áreas científicas”.
A pró-reitora reconhece que a UMinho “precisa de evoluir num conjunto de estruturas de suporte ao trabalho técnico, de investigação e de ensino” das quase 23 mil pessoas que a compõem, “para poder continuar a ter um desenvolvimento sustentável”.
Teresa Ruão imagina que no futuro a Universidade siga por um “percurso de consolidação política, financeira, organizacional e de um posicionamento a nível nacional e internacional”.
Com a pasta do ensino superior a conhecer um novo protagonista em breve, a docente tem “boas expectativas”, independentemente da cor política que venha a governar o país.
“Eu acho que há uma consciência política grande nos governos em Portugal da importância do ensino em geral e as forças à direita e à esquerda estão sensibilizadas para essa importância. Acho que todos temos que fazer um trabalho de sensibilização da sociedade para aceitar que é preciso mais investimento no ensino superior”, apontou.
