“Vento Norte”. Uma série recheada de drama, política e romance

“Vento Norte” marca a primeira experiência de gravação no norte do país do realizador João Cayatte. A série, com estreia prevista para 2021, retrata Portugal entre 1918 e 1926, com especial foco no Golpe de Estado de 28 de Maio de 1926, que teve origem na cidade dos arcebispos, liderado por Gomes da Costa. Este será um trabalho repleto de drama, política, acção, suspense e muito romance. 

O elenco de 66 actores está a gravar há quase cinco semanas no Museu dos Biscainhos. 

A série “Vento Norte” é um projecto da autoria de Almeno Gonçalves (produtor), João Lacerda Matos (guionista) e João Cayatte (realizador). 

Em entrevista exclusiva à Universitária, o produtor falou sobre a cena mais desafiante, até ao momento, em termos técnicos. “Era uma situação de confronto enquanto decorre um casamento. Uma personagem tenta abusar de uma mulher, um acontecimento que provoca um enorme conflito e tensão entre personagens. Foi desafiante e talvez a cena mais forte em termos de intensidade”, revela. 


Sem levantar em demasia o véu, o realizador confessa que existem outros momentos de tensão. Em “Vento Norte” não vão faltar confrontos entre pai e filha, sendo que neste exemplo a violência estará nas palavras. 

Realizador elogia conservação dos espaços históricos da cidade bimilenar. 


A história da família Mello vai levar os cinco personagens principais ao Museu dos Biscainhos, Mosteiro de Tibães, Arcos de Valdevez e a Lago, freguesia do concelho de Amares. 


João Cayatte reconhece que esta é uma experiência desafiante, visto que nunca rodou em Braga. “É sempre uma descoberta”, começa por dizer o realizador que confessa a sua admiração pela boa conservação de ruas e edifícios como o Museu dos Biscainhos ou mesmo o Largo do Paço.


Outro dos desafios recai sobre as questões logísticas, uma vez que esta é uma ficção de época. “É difícil conter as pessoas e conseguir gravar”, refere.

Segunda temporada será uma vitória para toda a equipa. 

As gravações da série Vento Norte devem estar concluídas a 14 de Setembro. A estreia deverá ocorrer em 2021, na RTP.

À RUM, o realizador assume que uma segunda temporada seria um bom prémio para toda a equipa. Devido a pandemia de Covid-19 o realizador viu muitos dos seus projectos adiados ou cancelados. 

Quem é Arminda a governanta da casa dos Mello? 


Margarida Carpinteiro dá vida a Arminda, a governanta da casa dos Mello. Esta é a primeira vez que a conceituada actriz está a trabalhar na região minhota. À RUM, descreve a experiência de aproximadamente um mês e meio, no Museu dos Biscainhos, como “fascinante”. 


“Nunca estive tão feliz num trabalho destes. Aqui tudo se completa. Nós utilizamos as paredes e o mobiliário do museu. Nunca me aconteceu na vida. Tudo tão belo e tão rico. Preencheu-me”, declara.

Quando desafiada para traçar o perfil da personagem a quem dá corpo e voz, a actriz sublinha que Arminda é, acima de tudo, “um pilar de família”.

Embora seja governanta, Arminda acaba por ser o “eixo de tudo o que se passa na casa dos Mello”. Viu Afonso, personagem interpretada por Almeno Gonçalves, crescer e agora acompanha Tomás, seu filho, representado por Sisley Dias. 

Uma mulher solitária com o dom de saber ouvir. Vive para a família dos Mello, sofre com as suas tristezas e alegra-se com os momentos de conquista. “Calma e silenciosa, mas por outro lado directa nas suas opiniões”, assim é Arminda. 


Como foi o processo de criação de Arminda?

A actriz de 77 anos explica que a sua metodologia de trabalho passa, essencialmente, pelos textos. “São eles que me dão indicações do que vou preparar. Eles é que me dizem que pessoa é, os olhares e como se deve comportar. Trabalhei sempre assim. Se o texto não presta, se calhar faço um mau papel. O que escreveram para eu fazer é aquilo que eu tento concretizar. É por ai o meu trabalho”, declara.

Quais os maiores desafios de gravar uma série de época?

“Vento Norte” é um projecto de ficção que decorre nos anos 20, uma época com formas de estar bastante rígidas principalmente para as mulheres.

No caso de uma governanta seria impensável “cruzar as pernas”. Para além disso, era fundamental falar com precaução, sentar com uma boa postura e saber ouvir. 

Pandemia de Covid-19 aumenta precariedade na cultura. Faltam oportunidades para actores mais velhos.


João Cayatte adianta que a pandemia do novo coronavírus veio dificultar a montagem, a nível financeiro, dos projectos. A razão central é a falta de verbas, uma vez que as mesmas acabam por ficar retidas o que dificulta o trabalho dos produtores. O realizador destaca que a maioria dos projectos que tinha em carteira foram adiados.

“Toda a gente do sector da cultura está a sofrer imenso. Toda a gente é trabalhador precário. Estão a recibos verdes. Temos de ter o máximo de apoio, caso contrário nada se faz”, alerta. 

Já Margarida Carpinteiro considera-se uma sortuda por estar a trabalhar nesta fase complicada. À RUM, fala em falta de oportunidades para os actores da sua geração. “Reconheço que muitos colegas estão a passar por coisas muito tristes e difíceis”, afirma. 

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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Carolina Damas
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