Vigiados por uma figura austera, Beatriz Batarda e Romeu Runa retratam ‘Perfil Perdido’

A relação entre pai e filho e a representação das memórias são dois dos temas em destaque em ‘Perfil Perdido’. O espetáculo está em cena sexta-feira, às 19h30, e sábado, às 11h, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães.

Ao longo da peça, em que são abordados quatro postais que retratam viagens realizadas com o pai, a atriz Beatriz Batarda e o bailarino Romeu Runa exploram o passado, numa linha que vai oscilando entre a realidade e a ficção. Fora de cena, mas presente através de um grito autoritário, a figura paternal nunca se desvanece. 


O encenador Marco Martins explica que “a filiação é uma questão muitas vezes presente” no seu trabalho, mas que “nunca tinha feito um espetáculo sobre ela”. “Para todos nós [Marco, Beatriz e Romeu], a figura do pai é uma figura central e fomos trabalhando vários textos que nos permitiram abordar essa questão de uma forma simultaneamente biográfica e ficcionada”, esclarece.


Artistas de diferentes lides como Sylvia Plath, Franz Kafka, Édouard Louis, Shakespeare, Sófocles, Sophie Calle, Siri Hustvedt, Gonçalo M. Tavares, George Steiner e Slavoj Zizek são alguns dos autores dos textos que servem de base a esta peça, cruzando-se com a partilha de experiências dos protagonistas.


O encenador, que é também cineasta, refere que o espetáculo acaba por ser “uma alegoria sobre a forma com as pessoas se relacionam com as memórias” e como elas as “perseguem e influenciam ao longo da vida”. 


Da pintura à dança, passando pelo ilusionismo


Nos postais, além de textos pessoais, que funcionam como fragmentos de um diário da infância e da adolescência, são visíveis imagens de pinturas de Caravaggio, Fracisco de Zurbarán, Masaccio e Tiziano. A interdisciplinaridade é uma constante durante o espetáculo, com a relação entre música, dança e ilusionismo. 


Com a peça a ser desenhada para uma atriz e para um bailarino, Beatriz Batarda reconhece que foi necessário criar “uma linguagem própria entre os intérpretes”. Explica que, por exemplo, “a questão da pintura não foi difícil”, até porque o pai, Eduardo Batarda, é artista plástico. “O descaramento foi por-me a mexer, a dançar, porque o meu tipo de movimento é muito diferente do que é feito pelo Romeu. E no caso dele o desafio foi representar”.


‘Perfil Perdido’, que estreou em novembro de 2019, na Turquia, no âmbito da 23.ª edição do Festival de Teatro de Istambul, é uma coprodução d’A Oficina, com a Arena Ensemble, o S. Luiz Teatro Municipal, o Teatro Nacional S. João e o Cine-Teatro Louletano. A sonoplastia é de Tiago Cerqueira, a cenografia de Fernando Ribeiro, o desenho de luz de Nuno Meira, o desenho de som de Sérgio Milhano e o figurino de Teresa Pavão.

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Tiago Barquinha
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