‘Virar a Página’ oferece refeições há um ano. “Nunca dissemos que não a ninguém”

140 mil refeições servidas gratuitamente a mais de 700 pessoas. É este o resultado de um ano de atividade do projeto Virar a Página, que se assinala esta terça-feira.
A cantina solidária, localizada no Centro Paroquial de Gualtar, em Braga, surgiu como uma resposta de emergência para ajudar os cidadãos mais desfavorecidos durante a pandemia. Na hora de fazer o balanço, a coordenadora da iniciativa fala numa “dualidade de sentimentos”.
Por um lado, Helena Pina Vaz refere que existe uma “enorme felicidade por se estar a auxiliar as pessoas”, mas, por outro, há uma “grande dose de sofrimento”. “Isto não é nenhuma brincadeira e chega a ser assustador. Ainda no outro dia descobrimos que estávamos a ajudar uma família que vivia numa garagem”, retrata.
O projeto que nasceu na cantina do Colégio Luso-Internacional de Braga e que depois se transferiu para o centro paroquial era para durar apenas duas semanas, período que se “perspetivava para o primeiro estado de emergência”. No entanto, como assim não ocorreu e face ao cenário que foi encontrado, com pedidos de ajuda sempre a chegar, cresceu “de forma impressionante”.
Nesta altura, o Virar a Página apoia 330 pessoas, mais de 60 das quais são crianças. Parte dos cidadãos recorre à cantina situada em Gualtar porque a da Cáritas Arquidiocesana de Braga fecha ao sábado e ao domingo, algo que pode mudar brevemente. Helena Pina Vaz revela que a organização está a ponderar abrir os sete dias da semana, o que vai permitir uma melhor distribuição dos beneficiários.
Destacando o apoio de 18,5 mil euros dado pela autarquia no último mês, que permitiu contratar a primeira funcionária, a coordenadora lembra que, fora isso, a iniciativa tem vivido exclusivamente de mecenato. “O nosso objetivo é ver se somos capazes de resistir enquanto as pessoas precisarem de nós. Nunca dissemos que não a ninguém até hoje. Queremos continuar assim. Talvez seja essa a nossa maior satisfação”, refere.
