É da UMinho e pode ser a 1ª portuguesa a apelidar subfamília de vírus

É investigadora da Universidade do Minho e pode ser a primeira portuguesa a dar o seu apelido a uma subfamília de um vírus “bom”, o Azeredovirinae. No presente são conhecidas 43 subfamílias de vírus bacterianos e só 14 delas foram nomeadas em tributo a cientistas.
Joana Azeredo é investigadora do Centro de Engenharia Biológica da UMinho (CEB), e é responsável por um projecto que visa desenvolver uma nova forma de tratar infecções graves e resistentes a antibióticos através de bacteriófagos, vírus, que são capazes de matar e/ou inibir o desenvolvimento de bactérias. De frisar que estes fagos só actuam sobre bactérias logo, são inofensivos.
Esta é apenas a quarta vez que esta homenagem mundial é feita a uma mulher pelo Subcomité de Vírus de Bactérias e Arqueas do Comité Internacional de Taxonomia de Vírus. De realçar que esta distinção não chega no final da carreira da investigadora, muito pelo contrário, ou a título póstumo, como usualmente acontece. A aprovação feita pelo comité deve ocorrer na próxima assembleia do organismo, marcada para 2021.
Em declarações à RUM, Joana Azeredo confessa estar “surpreendida”, mas ao mesmo tempo “feliz” com esta nomeação que vai trazer mais visibilidade ao trabalho feito na academia minhota. A investigadora não esqueceu a sua equipa neste momento de congratulação, uma vez que todo o conhecimento adquirido em torno da terapia fágica é fruto de um grande “trabalho de equipa”.
A equipa de Joana Azeredo destacou-se recentemente ao criar um “banco de vírus” para tratar doenças provocadas por bactérias resistentes a antibióticos, um dos maiores problemas de saúde mundial, quer para doenças crónicas, infecções hospitalares ou infecções respiratórias, da pele e dos sistemas nervoso, digestivo e urinário. Recorde-se que Portugal é 4º país da Europa com as mais altas taxas de mortalidade por infecções crónicas. Só em 2015 faleceram 1.158 pessoas.
Para além da caracterização dos vírus, uma vez que de acordo com a investigadora no banco da UMinho já é conhecido o genoma, facto essencial para garantir a segurança da sua utilização, paralelamente estão a estudar a utilização para “detectar bactérias patogénicas. A ideia passa por “fazer a manipulação genética desses vírus para tornar os mesmos mais seguros e, sobretudo, ainda mais eficazes”.
Actualmente, a equipa já está a realizar testes em animais para a validação dos fagos sintéticos. No que toca às bactérias patogénicas, estão agora, a trabalhar em parceria com outros institutos e academias no desenvolvimento de sensores específicos para a sua detenção. Por último, estão a trabalhar com enzimas que conseguem destruir as bactérias, essas, segundo a investigadora, também já se encontram em validação.
Uma vez que a terapia fágica não é permitida em Portugal, a UMinho disponibiliza os fagos já identificados e catalogados, assim como o conhecimento adquirido a outros países onde a terapia fágica é legal, como é o caso da Bélgica, França e Holanda. “Desta forma, estamos a optimizar os tratamentos em humanos”, declara.
